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CPI já detectou uma movimentação de R$ 59 mi em empresa de fachada do esquema Cachoeira

Josias de Souza

22/06/2012 05h42

Longe dos refletores, técnicos que assessoram a CPI do Cachoeira realizam um mergulho nos dados bancários já disponíveis na sala-cofre da comissão. Participam do mapeamento servidores cedidos pelo Banco Central. O trabalho mal começou e já resultou na descoberta de cifras surpreendentes.

Um dos envolvidos na análise dos extratos contou ao blog na noite passada o seguinte: apenas nas contas bancárias da Alberto&Pantoja Construções, principal empresa de fachada do esquema de Carlinhos Cachoeira, já foi detectada uma movimentação de cerca de R$ 59 milhões.

Até aqui, sabia-se que a Delta Construções havia repassado à Alberto&Pantoja algo como R$ 26 milhões. Deve-se a elevação da cifra à descoberta de repasses feitos por outras empresas, cujos nomes são mantidos, por ora, em segredo.

Afora o dinheiro da Delta, detectaram-se R$ 22 milhões provenientes de outros depositantes. De resto, há R$ 11 milhões cuja origem a CPI ainda não descobriu. Os técnicos queixam-se de falta de padronização dos dados. Para eliminar as lacunas, a equipe está contactando diretamente os bancos.

Somando-se os R$ 59 milhões da Alberto&Pantoja aos já detectados R$ 13 milhões que a Delta depositou na Brava Construções, outra firma de fancaria de Cachoeira, chega-se à cifra parcial de R$ 72 milhões.

Os técnicos estimam que, considerando-se os dados ainda pendentes de análise, o caixa subterrâneo da quadrilha passará dos R$ 100 milhões. Tenta-se esquadrinhar, além da origem, o destino da dinheirama.

Noutra frente, deve ser constituída uma força-tarefa para mastigar os áudios captados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. A partir desta sexta (22), os computadores instalados na sala-cofre da CPI serão abastecidos com 54 arquivos novos.

Foram recolhidos pelo próprio relator da CPI, o deputado Odair Cunha (PT-MG), que esteve na 11a Vara Criminal, em Goiânia. Os arquivos contêm a íntegra dos diálogos grampeados pelos agentes da Monte Carlo.

O blog alcançou Odair, pelo celular, no instante em que ele viajava de carro de volta para Brasília, de carro, na noite passada. Ele explicou que, com a nova aquisição, a CPI passa a dispor "dos áudios inteiros, sem nenhum tipo de filtro."

Até aqui, só haviam chegado à comissão as interceptações telefônicas que constavam dos processos judiciais –o que corre no STF, contra Demóstenes Torres, e o que tramita na Justiça de Goiás, contra Cachoeira e o resto da quadrilha.

"Como nossa investigação é mais ampla, é importante que tenhamos a oportunidade de analisar o inteiro teor dos áudios, incluindo os trechos que não foram anexados aos processos", disse Odair.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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