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Para atingir PSDB paulista, PT agora quer votar na CPI ‘pacote’ de convocações que bloqueava

Josias de Souza

04/07/2012 05h40

O PT prepara uma guinada na CPI do Cachoeira. Vinha represando a convocação de personagens como Fernando 'Delta' Cavendish (foto) e Luiz Antonio 'Dnit' Pagot. Mudou de ideia. Agora, articula com legendas amigas a abertura das comportas.

Mal posto no noticiário e submetido aos dados bancários que chegam à sala-cofre da CPI, o petismo se deu conta de que a oposição e a banda independente da comissão estão na bica de estourar o seu dique. Decidiu, então, dobrar a aposta.

Em movimento deflagrado na segunda-feira (2), a infantaria do PT já não parece tão apegada à tese de que é preciso manter o "foco" da CPI. Já topa arrastar para a comissão Cavendish e Pagot. Quer votar os requerimentos já na sessão marcada para esta quainta-feira (5).

Simultaneamente, o PT reúne votos para convocar, com ou sem foco, outros dois personagens: Adir Assad e Paulo Vieira de Souza Assad é o operador de sete logomarcas registradas em nome de laranjas. Foram abertas nos anos eleitorais de 2008 e 2010.

Juntas, receberam da Delta de Cavendish mais de R$ 90 milhões. Dinheiro supostamente utilizado para pagar propinas e para azeitar o caixa dois de campanhas políticas.

Quanto a Paulo Vieira de Souza, mais conhecido como Paulo Preto, vem a ser um ex-diretor da Dersa, estatal rodoviária do governo de São Paulo. Na campanha de 2010, foi às manchetes como coletor de verbas do tucanato.

Alvejado pela denúncia de que dera sumiço em R$ 4 milhões do caixa do comitê presidencial de José Serra, Paulo Preto negou. Mas Dilma valeu-se do episódio para fustigar Serra.

Agora, o petismo difunde nos subterrâneos a seguinte suspeita: investigando o laranjal de Assad, a CPI pode chegar a Paulo Preto (foto à esquerda) e ao PSDB paulista. O alvo do PT é Serra, seu adversário na briga pela prefeitura paulistana.

A representação do PSDB na CPI sustenta que o PT propaga aleivosias e já cogita exigir a convocação do deputado José Di Filippi (PT-SP). Ninguém menos que Vem o ex-tesoureiro das campanha presidenciais de Lula (2006) e de Dilma (2010).

Em entrevistas, Luiz Pagot, o ex-mandachuva do Dnit, disse ter sido acionado por Di Filippi para intermediar doações de empreiteiras para as arcas eleitoral de Dilma. O PT nega.

Nesta terça (3), o presidente da CPI, Vital do Rêgo, conversou sobre os rumos da comissão numa reunião suprapartidária. Nas pegadas desse encontro, o PT reuniu seus aliados. Ouviram-se poucas vozes dissonantes.

A maioria manifestou-se a favor da abertura da composta das convocações. Ficou entendido que o ideal seria chamar à CPI todo mundo que recebeu por baixo da mesa verbas do condomínio Delta-Cachoeira.

A prevalecer esse entendimento, vão à lista, entre outros: o prefeito de Palmas (PR), Raul Filho (PT), e os deputados federais Carlos Leréia (PSDB-GO), Sandes Júnior (PP-GO), Rubens Otoni (PT-GO), Jovair Arantes (PTB-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ).

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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