Defesa de Delúbio repete: mensalão não existiu
Josias de Souza
16/07/2012 19h14
Datado de 28 de junho, o documento é subscrito pelos advogados Arnaldo Malheiros filho e Celso Sanchez Vilardi. A dupla anota a certa altura: "Os repasses de valores questionados pela acusação tiveram como única finalidade o pagamento de despesas decorrentes de campanhas eleitorais, tanto dos diretórios estaduais do partido dos trabalhadores, quanto dos partidos que integravam a chamada base aliada."
Nessa versão, já esmigalhada na CPI dos Correios, no inquérito da Polícia Federal e na denúncia da Procuradoria Geral da República, "o dinheiro utilizado para pagamento de dívidas de campanha foi obtido por meio de empréstimos, junto ao Banco Rural e ao banco BMG." Empréstimos que, segundo a defesa, "o Banco Central teve a oportunidade de confirmar."
A defesa do ex-gestor das arcas petistas e ex-parceiro do provedor Marcos Valério acrescenta: "…Não há nenhuma relação entre o repasse do dinheiro e o apoio ao governo, o que desnatura o falacioso 'mensalão'." Sob a alegação de que não há provas contra Delúbio, os advogados pedem que ele seja "absolvido das acusações de corrupção ativa e formação de quadrilha."
Agora está explicado o que Delúbio quis dizer quando afirmou: as denúncias "serão esclarecidas, esquecidas e acabarão virando piada de salão." Resta agora saber com que cara o STF pretende comparecer à anedota. O julgamento começa no dia 2 de agosto.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.