No Ceará, repórter leva soco de coordenador de um candidato do PT e encerra reportagem ferido
Josias de Souza
18/09/2012 06h55
A coisa aconteceu na cidade cearense de Quixadá, a 174 km de Fortaleza. Manifestantes reuniram-se defronte de uma escolar pública. Queixavam-se da utilização do prédio em evento eleitoral de Ilário Marques, candidato do PT à prefeitura do município. Coisa vedada pela legislação eleitoral.
Escalado para noticiar a encrenca, o repórter Wal Alencar foi ao local acompanhado de equipe de câmera e microfone. Cumpria sua obrigação quando, de repente, um auxiliar do candidato Ilário praticou um ato sem graça. Chama-se Jacson Cabral. Coordena a campanha petista. Aproximou-se do repórter e abateu-o com um soco.
A vítima levantou-se e, rosto ensanguentado, fechou a reportagem. Levado ao hospital, o repórter ganhou seis pontos na face. Presos em flagrante, Jacson e seus punhos foram ao cárcere sob a acusação de lesão corporal grave. A cana durou 24 horas. Um habeas corpus devolveu Jacson às ruas.
Inquirido pela polícia, o companheiro pugilista disse que o candidato Ilário estava no prédio da escola apenas para celebrar o aniversário de uma criança. A despeito de ter sido pilhado no vídeo, o agressor alegou ter esbarrado no repórter. Acidentalmente, claro.
Ah, bom! A encrenca ficou clara. Clara como a gema.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.