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Datafolha: Haddad abre 17 pontos sobre Serra

Josias de Souza

19/10/2012 05h13

Pesquisa Datafolha veiculada nesta sexta (19) revela: a dez dias do segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad abriu uma dianteira de 17 pontos percentuais sobre José Serra. O petista aparece na pesquisa com 49% das intenções de voto. O tucano amealha 32%.

Declaram-se indecisos 9% dos eleitores. Informam que votarão branco ou nulo outros 10%. Fechando-se a conta apenas com os votos válidos, Haddad vai a 60%, contra 40% atribuídos a Serra. Diferença de 20 pontos. Não é algo fácil de ser revertido em tão pouco tempo.

Para desassossego do tucanato, a taxa de rejeição de Serra disparou. No último Datafolha feito antes do primeiro turno, 42% dos eleitores declaravam que não votariam em Serra de jeito nenhum. Agora, esse percentual já representa mais da metade do eleitorado: 52%. Coisa rara.

Serra jamais despertara semelhante aversão. Nos últimos 20 anos, apenas dois candidatos arrostaram índices superiores de rejeição na reta final de eleições em São Paulo: em 2008, Paulo Maluf (PP) era refugado por 59% do eleitorado. Em 2000, Fernando Collor (à época no PRTB) era abominado por 62%.

A sondagem do Datafolha carrega um dado que ajuda a explicar o drama de Serra. Os pesquisadores perguntaram ao paulistano se desejam a mudança ou a manutenção das ações desenvolvidas pelo atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD). Nada menos que 88% responderam que preferem um novo prefeito que adote providências diferentes das implementadas por Kassab.

Quer dizer: Kassab tornou-se para Serra um aliado que o eleitorado considera duro de roer. Segundo o Datafolha, 42% dos eleitores avaliam a administração do atual prefeito como ruim ou péssima. Já foi pior. No início de setembro, esse índice era de 48%. Porém, os seis pontos migraram para a coluna do 'regular' (foi de 29% para 37%), não para a de 'ótimo ou bom' (declinou de 20% para 19%).

No primeiro turno, Haddad dividiu com outros candidatos os votos da fatia do eleitorado que anseia por mudança. Terceiro colocado, Celso Rossomanno (PRB) beliscou 21,6% dos votos. Gabriel Chalita (PMDB), o quarto colocado, arrastou 13,6%.

Agora, informa o Datafolha, Haddad atrai eleitores dos candidatos que naufragaram em quantidade maior do que Serra é capaz de seduzir. Entre os eleitores de Russomanno, 53% declaram que votarão no petista. Apenas 20% dizem preferir Serra. No pedaço do eleitorado que optara por Chalita, 50% afirmam preferir Haddad. Só 26% vão de Serra 26%.

Dito de outro modo: os eleitores que enxergavam a mudança estampada nos rostos de Russomanno e Chalita, passaram a ver em Haddad uma opção melhor –ou menos pior— do que Serra. Para reverter esse quadro em que se misturam uma rejeição cavalar e um desejo irrefreável de novidade, o tucano precisaria revelar uma capacidade de sedução inaudita. Impossível não é. Mas tampouco será fácil.

 

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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