A penúltima do Senado: torniquete do cafezinho
Josias de Souza
07/11/2012 17h02
Pois bem. Os garçons do Senado foram proibidos de servir água e café nas mesas que não tenham cotovelos de senadores sobre o tampo. Repetindo: se o sujeito não for senador e não estiver acompanhado de um deles, não pode ser servido.
Visitantes, repórteres, assessores e assemelhados agora são orientados a se servir de café em garrafas térmicas acomodadas num canto do ambiente. Água? Só no bebedouro. Acionada, a segurança zela pelo cumprimento das novas normas.
Nesta quarta (7), ao perceber que um garçom negava-se a servir uma mesa em que conversavam repórteres e assessores, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) estranhou. Mais: ordenou que o cafezinho fosse servido, como de hábito.
Tucano como Cássio, o colega Cícero Lucena, primeiro-secretário do Senado e idealizador do torniquete do cafezinho, abespinhou-se com a contraordem. Ralhou com o garçom: "Ou manda ele ou mando eu! Então, é melhor voltar a como era antes." Como se vê, Brasília anda mais surreal do que nunca.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.