Ministro da Justiça: ‘Se fosse para eu cumprir pena num presídio brasileiro, preferia morrer’
Josias de Souza
13/11/2012 17h52
A manifestação de Cardozo esbarrou com o óbvio no instante em que o orador disse que os presídios brasileiros, longe de ressocializar os detentos, contribui para o aumento da criminalidade. Nas cadeias do país, disse o ministro, um infrator mequetrefe vira bandido de alta periculosidade.
"O sistema prisional é dotado de artifícios que o transformam em uma verdadeira escola do crime", disse. Nos lábios de um oposicionista, as palavras talvez fizessem nexo. Na boca de um ministro filiado ao partido que exerce o poder federal há dez anos, as críticas a fala soa paradoxal.
Por sorte, a autocrítica não particpou do evento. Se lá estivesse, ela sorriria ao ouvir Cardozo dizer a seguinte frase: "Temos que parar com o jogo do empurra. Governo estadual e federal tem responsabilidade, sim". Aos risos, a autocrítica cumprimentaria o crítico: "Bom dia, senhor ministro. Vim apresentar o senhor ao senhor mesmo."
Submetida às frases de Cardozo, a turma do mensalão deve estar perguntando aos seus botões: Isso é hora? Não bastasse o julgamento do mensalão, o ministro destilou seu desalento contra um pano de fundo tisnado pelo surto de violência que inquieta São Paulo (veja abaixo).
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.