Convidado para posse de Barbosa, Lula não vai
Josias de Souza
17/11/2012 06h41
O patrono do PT declinou do convite. Seus assessores esclarecem que a ausência nada tem a ver com os rigores de Barbosa no julgamento dos companheiros José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.
Lula viajou à África e à Índia. Iniciado nesta sexta (16), o périplo internacional só será encerrado em 23 de novembro, um dia depois da posse do sucessor de Carlos Ayres Britto, que troca a toga pelo pijama neste domingo.
A viagem do ex-soberano, por providencial, o poupará do auto-constrangimento. Em janeiro de 2003, no alvorecer do seu primento mandato, Lula viu-se às voltas com a oportunidade de escolher o primeiro dos oito ministros que enviaria ao STF.
Chamou seu ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Pediu-lhe que garimpasse um nome. Só fazia questão de um detalhe: tinha de ser um negro. Acabou obtendo mais do que desejava: um magistrado independente.
O tempo passou. Roberto Jefferson cunhou o vocábulo mensalão. O PT e seus aliado$ foram pendurados nas manchetes de ponta-cabeça. Relator da encrenca, Barbosa tornou-se algoz dos malfeitores.
Lula faria um bem a si mesmo e à sua biografia se fosse à cerimônia de entronização de Barbosa. Mas o arrependimento, mais do que a viagem ao estrangeiro, o impede. Tomado pelo que diz em privado, teria optado por outro nome se dispusesse, em 2003, de uma bola de cristal.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.