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No Twitter, Geddel chama assessor de Henrique Alves de ‘batedor de carteira de dinheiro público’

Josias de Souza

27/01/2013 04h21

Principal liderança do PMDB na Bahia, Geddel Vieira Lima pendurou no Twitter um lote de comentários sobre um assessor de Henrique Eduardo Alves, o candidato do partido à presidência da Câmara. O auxiliar se chama Francisco Bruzzi. É especialista em emendas ao Orçamento da União. Para Geddel, trata-se de um "batedor de carteira de dinheiro público."

O nome de Francisco Bruzzi veio à luz numa notícia veiculada neste final de semana pela revista Época. Eis o título da reportagem: 'As acusações de pagamento de propina contra Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves'. O texto pode ser lido aqui. Revela detalhes inéditos da Operação Navalha.

Deflagrada pela Polícia Federal em 2007, a Navalha percorreu um esquema de desvio de verbas públicas comandado pelo empreiteiro Zuleido Veras, da construtora Gautama. O escândalo custou o cargo do então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, um apadrinhado do senador José Sarney (PMDB-AP). O processo corre no Superior Tribunal de Justiça.

A revista obteve a íntegra do inquérito. Informa que, manuseando a papelada, encontrou "evidências fortes de pagamentos de propina para Renan e Henrique." Segundo a notícia, a Gautama relacionava-se com assessores dos parlamentares. Entre eles, Francisco Bruzzi, citado ora como "braço direito" de Henrique Alves ora como "operador fundamental no esquema de Zuleido".

Numa das passagens, a revista conta que Zuleido recorreu a Bruzzi para liberar verbas federais de uma obra em Alagoas. O governo alagoano estava com pendências no Ministério da Integração Nacional. A PF descobriu que, em reunião com o empreiteiro, o assessor de Henrique Alves informou-lhe que conseguira eliminar na pasta da Integração as restrições que travavam o escoamento das verbas.

O encontro ocorreu em abril de 2007, sob Lula. Nessa época, era Geddel quem respondia pelo Ministério da Integração. "Uma denúncia como essa da Época exige o imediato afastamento desse tal de Bruzzi", anotou no Twitter o ex-ministro, hoje vice-presidente da Caixa Econômica Federal. "Essa figura macula o PMDB, e ele é das trevas mesmo."

Afora a demissão de Bruzzi, Geddel sugeriu ao correligionário Henrique uma providência adicional: acha que convém "mandar investigar esse cara". Plugado no microblog de Geddel, um internauta perguntou: "Te meteram no rolo? Você ouviu os áudios [captados pelos grampos da PF]?" E Geddel: "Não, mas não há hipótese de me meterem em rolo." Referindo-se a Bruzzi, acrescentou: "Lugar de batedor de carteira de dinheiro público é cadeia."

Procurados pela reportagem de Época, Renan e Henrique não quiseram comentar a notícia que ressuscitou a Operação Navalha. Favorito do PMDB à presidência do Senado, Renan ganhou neste sábado outra prioridade. Descobriu-se que o procurador-geral da República Roberto Gurgel protocolara na véspera uma denúncia contra ele no STF.

Alheio às denúncias e às observações de Geddel, Henrique Alves também passou pelo Twitter. Redigiu 12 mensagens de agradecimento às legendas que se comprometeram a apoiá-lo na disputa pelo comando da Câmara. O texto é padrão. Fala da "reta final" e agradece "a correção e empenho" dos apoiadores. Foram brindadas as seguintes legendas: PDT, PCdoB, PRB, PPS, DEM, PR, PP, PSD, PT, PSC, PSDB e, naturalmente, PMDB.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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