Deputado-pastor pede a senha de cartão de fiel
Josias de Souza
07/03/2013 06h48
Ganhou a internet um vídeo no qual o deputado-pastor Marco Feliciano (PSC-SP) realiza uma coleta entre os fieis de sua igreja, a Assembléia de Deus do Avivamento. Ele aceita de tudo: dinheiro, cheque, motocicleta… A certa altura, manuseia um cartão. E avisa, em timbre de ultimato: "É a última vez que eu falo. Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir o milagre pra Deus e Deus não vai dar. E vai falar que Deus é ruim."
Autor de frases de cunho racista e de comentários de coloração homofóbica, o irmão Feliciano foi indicado por seu partido para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Candidato único, deveria ter sido eleito nesta quarta (6). Manifestantes de organizações sociais e colegas do PSOL e do PT impediram a votação. Nesta quinta (7), haverá nova tentativa.
– Atualização feita às 13h06 desta quinta (7): Marco Feliciano foi, finalmente, confirmado na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Dessa vez, os manifestantes de organizações sociais foram impedidos de entrar no plenário da comissão. Vários parlamentares deixaram o recinto. Entre eles o presidente anterior, Domingos Dutra (PT-MA). Na hora da votação, estavam presentes 12 deputados. Contados os votos, 11 ratificaram Feliciano, o indicado do PSC. Um votou em branco. Jogo jogado.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.