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Deputado com bens retidos preside ‘Finanças’

Josias de Souza

09/03/2013 03h40

Bens bloqueados? 'Eu não fui notificado…'

A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara tem 'novo' presidente. Chama-se João Magalhães (PMDB-MG). Carrega atrás de si um pegajoso rastro de encrencas. Responde a três inquéritos no STF –peculato, tráfico de influência e crime contra o sistema financeiro. Seus bens encontam-se bloqueados desde dezembro passado.

"Não fui notificado, não tive acesso aos autos", disse o deputado à repórter Isabel Braga. "Só soube disso pela imprensa. Minhas contas não foram bloqueadas. Mas é sempre assim mesmo, vem uma denúncia, você demora dois ou três anos para provar inocência, e só depois desbloqueiam."

No caso da máfia das ambulância, um escândalo de 2006, João Magalhães passou raspando. Citado no inquérito como beneficiário de verbas desviadas por meio de emendas de parlamentares ao Orçamento da União, foi isentado pelo Supremo no ano passado. Alegou-se falta de provas.

Em 2008, voltou à grelha graças à Operação João de Brarro, da Polícia Federal. Nesse processo, o deputado é acusado de tomar parte de desvios de verbas do Ministério do Turismo destinadas a bancar eventos festivos em municípios mineiros. Os contratos somam R$ 3,7 milhões.

João Magalhães é uma das anormalidades que os deputados acomodaram no comando das comissões. Outra excentricidade, a escolha do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) para presidir a Comissão de Direitos Humanos, inspirou a convocação de manifestações em várias capitais do país.

Marcado por meio do Facebook, o protesto ocorrerá neste sábado (9) em pelo menos dez capitais. Além de se queixar da presença de um religioso acusado de racista e homofóbico no comando da comissão de direitos Humanos, os manifestantes planejam reiterar os gritos de "Fora, Renan."

O mal-estar em relação ao pastor Feliciano leva alguns líderes partidários a considerar a hipótese de pedir sua substituição. O assunto será levado ao recém-eleito presidente da Câmara, Henrique Eduardo alves (PMDB-RN). Por ora, não há sinal de troca. Se o Legislativo fosse feito à base de bom-senso, faltaria material.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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