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Senado nega quórum e impõe derrota parcial ao governo, retardando análise da lei do torniquete

Josias de Souza

24/04/2013 22h06

Dilma Rousseff e o condomínio governista, PT e PMDB à frente, sofreram uma derrota parcial na guerra política em que se converteu a apreciação do projeto de lei que inibe a criação de partidos. Pressionado pelo Planalto, o bloco governista requereu no Senado a votação de um pedido de urgência para o projeto enviado na véspera pela Câmara. Por falta de quórum, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que presidia os trabalhos, teve de encerrar a sessão.

Renan tentara aprovar o requerimento numa votação simbólica. "Os senadores que estoveremde acordo permaneçam como se encontram", disse. A turma do contra levantou os braços. E, numa aferição visual, prevaleceu. Renan poderia ter declarado o resultado. Mas preferiu esticar os procedimentos. Pediu aos líderes que orientassem suas bancadas.

Depois, somou os votos doas bancadas dos partidos cujos líderes manifestaram-se a favor do torniquete paritdário. E anunciou: "Quanrenta e sete 'sim'. É maioria absoluta. Aprovado o requerimento." Ouviu-se um alarido no plenário. Os líderes do PSDB, Aloysio Nunes, e do PSB, Rodrigo Rollemberg pediram verificação do quórum. Algo previsto no regimento.

Não restou a Renan senão anunciar a votação nominal. Convocou os senadores que estavam no gabinete a comparecerem ao plenário. Para não contribuir com a formação do quórum, oposicionistas e dissidentes decidiram não levar os respectivos nomes ao painel eletrônico. Entraram em obstrução. Ficou entendido que cabia ao governo reunir sua infantaria e exibir os músculos.

Decorridos dez minutos, apareceram no painel os nomes de escassos 23 senadores. Coisa mixuruca considerando-se o número total de senadores: 81. A oposição passou a fustigar Renan para que encerrasse a sessão. E nada. Até que, numa intervenção sóbria, o líder tucano Aloysio Nunes ponderou:

"Vossa excelência é experiente, calejado. Pode dar lição de política a todos nós. Não é à toa que estamos apenas com 23 nomes no painel. Sabemos que a razão é política. Não há maioria política para aprovar esse requerimento hoje. Amanhã pode haver. Hoje não haverá. Peço que encerre a votação." Rendendo-se ao óbvio, Renan encerrou a sessão. O governo voltará à carga na semana que vem.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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