Câmara instala grupo para fazer projeto sobre reforma política e sepulta plebiscito ‘vapt-vupt’
Josias de Souza
09/07/2013 04h49
Essa saída havia sido esboçada na semana passada pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Se a proposta elaborada pelo grupo vier a ser aprovada, pretende-se submetê-la à apreciação da sociedade por meio de um referendo. Se os congressistas não conseguirem colocar em pé um projeto viável, retoma-se o debate sobre o plebiscito. Numa ou noutra hipótese, as novas regras valeriam para a eleição municipal de 2016, não para 2014 como deseja Dilma.
Da boca pra fora, partidos como PT e PCdoB ainda falam em realizar o plebiscito e aprovar a reforma até 5 de outubro –o que permitiria aplicar as mudanças no pleito de 2014. Mas isso se tornou uma impossibilidade matemática depois que o TSE informou que precisa de pelo menos 70 dias para organizar a consulta popular. "Para eleição de 2014, o plebiscito morreu", diz o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). "Não haveria tempo nem para organizarmos o questionário."
O assunto será debatido novamente numa reunião de Henrique Alves com os líderes dos partidos na Câmara. Nesse encontro serão acertados os detalhes do velório. O cadáver do plebiscito relâmpago de Dilma já está fedendo. Pode-se enviá-lo rapidamente ao crematório ou esticar o funeral. Só não dá para ressuscitar o morto.
Há na Câmara um grupo incomodado com o penúltimo esperneio do Planalto. Sob orientação palaciana, o PT pega carona num protesto nacional convocado pelas centrais sindicais para esta quinta (11). A pauta do movimento inclui velhas bandeiras do sindicalismo. Coisas como redução da jornada de trabalho e fim do fator previdenciário. De repente, a CUT, braço sindical do petismo, injetou na agenda o plebiscito e a reforma política. Irritado, o presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), também já ensaia dois coros novos com seu pessoal: "fora Dilma" e "volta Lula".
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.