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Jantar do PMDB custou R$ 28,4 mil à Câmara

Josias de Souza

18/07/2013 18h12

Na noite da última terça-feira, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, abriu as portas da residência oficial que ocupa, às margens do Lago Paranoá, em Brasília, para os deputados da bancada do seu partido, o PMDB. Ofereceu-lhes um jantar. Custou R$ 28,4 mil –ou R$ 355 por cabeça. O contribuinte pagou a conta.

A verba saiu das arcas da Câmara. A ONG Contas Abertas obteve a nota de empenho da despesa. Está escrito: "Concessão de suprimento de fundos para atender despesas relativas à contratação de serviços destinados à realização de jantar no dia 16.07.2013, na residência oficial da Câmara dos Deputados, para um público estimado de oitenta pessoas, a pedido do gabinete do presidente."

A rubrica "suprimentos de fundos" serve para a realização de despesas inesperadas e urgentes. No caso específico, o dinheiro foi repassado a uma servidora. Ela realizou os gastos e prestará contas posteriormente. Chama-se Bernadette Maria França Amaral Soares. Lotada no gabinete do presidente, administra a residência oficial da Câmara. O salário dela é de cerca de E$ 23 mil mensais.

Além dos deputados, estiveram no repasto o vice-presidente Michel Temer e ministros do PMDB. O encontro foi partidário. "Um jantar social de fim de semestre", na definição do líder da legenda, deputado Eduardo Cunha. O cardápio foi fino –de camarão a queijo brie caramelado, noves fora o champanhe. A pauta foi indigesta: do derretimento de Dilma Rousseff à deterioração da coligação.

A pergunta que fica boiando na atmosfera é: por que diabos o contribuinte brasileiro foi intimado a pagar a conta? Não há propriamente uma ilegalidade no espeto. Porém, se as ruas de junho informaram alguma coisa foi que a sociedade já não engole passivamente tudo o que em Brasília é considerado "normal". Não é pelos vinte centavos, diria um desses rapazes que saem de casa para protestar defronte do prédio do Congresso. É pelo respeito à liturgia.

A Câmara já custeia a equipagem, a criadagem, a cozinheira e os alimentos que vão à mesa da residência do seu presidente. Difícil acomodar no escaninho das normalidades a contratação de uma empresa para fornecer decoração, mesas, cadeiras e a comida servida à turma do PMDB. A plateia se pergunta: por que o inquilino e seus convidados não fizeram uma vaquinha?

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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