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Líder do PMDB já tem as 171 assinaturas para protocolar PEC que reduz número de ministros

Josias de Souza

18/07/2013 00h22

No curto intervalo de oito dias, o líder do PMDB, Eduardo Cunha, recolheu na Câmara as 171 assinaturas que precisava para apresentar a PEC do enxugamento dos ministérios. A proposta sugere anotar na Constituição um limite para a quantidade de ministérios: 20 pastas. Se aprovada, a PEC forçaria Dilma Rousseff a demitir 19 dos seus atuais 39 ministros.

Conforme noticiado aqui, Eduardo Cunha iniciou a coleta de assinaturas em 9 de julho. Fez isso com o respaldo da bancada do PMDB. Reunidos na semana anterior, os deputados do partido do vice-presidente Michel Temer haviam decidido aderir à tese do enxugamento da Esplanada. Em nota, a bancada escreveu que, "se necessário",  o partido deveria inclusive abrir mão dos cinco ministérios que ocupa sob Dilma (Minas e Energia, Previdência Social, Agricultura, Turismo e a Aviação Civil).

Na noite desta quarta-feira (17), Eduardo Cunha informou ao blog que vai protocolar sua PEC na primeira semana de agosto, quando os congressistas retornarão do "recesso branco" que se autoconcederam. A proposta terá de passar pela Comissão de Constituição e Justiça e por uma comissão especial. Depois, vai ao plenário da Câmara. Se for aprovada, segue para o Senado.

Seja qual for o resultado, a simples tramitação da proposta revela o ponto a que chegaram as relações de Dilma com seu condomínio partidário. Até bem pouco, o PMDB exigia ministérios. Agora, numa hora em que a popularidade da presidente despenca de 57% para 30%, o partido vira abre-alas do ministério enxuto, uma bandeira desfraldada pelo presidenciável tucano Aécio Neves.

Reunida no mesmo dia do encontro de sua bancada na Câmara, a Executiva Nacional do PMDB também endossou a pregação em favor da lipoaspiração ministerial. A diferença é que a Executiva, presidida por Temer, não chegou a mencionar a hipótese de abrir mão de suas pastas. O que um pedaço do PMDB deseja, naturalmente, é o reforço da posição da legenda no governo. Hoje, dizem os adeptos desse grupo, o PMDB tem ministros, não ministérios.

Embora negue em público, Dilma discute longe dos refletores sobre a conveniência de reduzir o tamanho de sua equipe. Lula aconselhou-a a tomar essa providência como resposta à exigência de eficiência feita pelas ruas. Para Lula, o conselho representa um paradoxo, já que foi no seu governo que a Esplanada cresceu de 26 para 37 pastas. Para Dilma, seria um vexame político. Ela adicionou duas pastas ao organograma. A última, da Micro e Pequena Empresa, acaba de ser confiada ao ex-inimigo político Guilherme Afif Domingos, do PSD de Gilberto Kassab.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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