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Estudos do governo atestam que companhias aéreas ‘não são robustas’, diz Moreira Franco

Josias de Souza

31/08/2013 05h00

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No dia 9 de abril, o ministro Wellington Moreira Franco (Aviação Civil) disse que, além de aeroportos melhores, "o Brasil precisa de companhias aéreas robustas, capazes de prestar serviços ao cidadão com segurança, qualidade e preço." Informou que encomendaria estudos sobre o setor ao BNDES e à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Decorridos quase cinco meses, o ministro contou, em entrevista ao blog: "Os estudos não só ficaram prontos como a situação, de lá pra cá, piorou por causa do câmbio." Sem floreios, Moreira Franco declarou que as empresas do setor aéreo "não estão robustas". E sinalizou que o governo deve acudi-las.

A pasta chefiada por Moreira Franco organiza uma reunião com representantes das empresas. Deve ocorrer nos próximos dias, provavelmente na quinta-feira (5). Do lado do governo, vão à mesa, além do ministro, o BNDES, o Banco do Brasil, a Anac e o Tesouro Nacional.

Vem aí uma operação hospital?, indagou o repórter. E Moreira Franco: "Injeção direta na veia está fora". Não disse que providências o governo cogita adotar. Mas insinuou que algum tipo de refresco tributário pode ser servido. "Todos nós achamos, e a presidenta tem reafirmado isso, que a carga tributária no Brasil é muito alta."

Segundo Moreira Franco, as dificuldades afetam todo o setor –das pequenas empresas aéreas regionais a gigantes como TAM e Gol. A diferença, disse o ministro, está na "capacidade de resistência", que é menor nas empresas regionais. A situação tem um quê de paradoxal.

As finanças das companhias aéreas definharam na proporção direta do crescimento da clientela. Beneficiados pela melhoria da renda, brasileiros que não costumavam tirar os pés do solo começaram a voar. O próprio ministro realça: no ramo da aviação civil, o Brasil é "o segundo mercado que mais cresce no mundo. O primerio é a China."

Não é razoável supor que as aéreas são mal geridas? O ministro respondeu à indagação positivamente. Mas ponderou: "O negócio tem na sua natureza uma dependência do câmbio muito grande. […] Como a volatilidade do câmbio nos últimos meses tem sido muito excitante, eles já viram que as coisas podem se transformar em situações críticas."

Moreira Franco soou otimista ao falar dos leilões de concessão de aeroportos marcados para 31 de outubro. Vão ao martelo dois aeroportos: Galeão, no Rio; e Confins, em Belo Horizonte. Ele defendeu a presença minoritária (49%) da estatal Infraero no negócio. Não crê que isso vá afugentar investidores.

O ministro afirmou acreditar que "o conflito ideológico entre privatização e não privatização está superado. Hoje, a sociedade brasileira entende que é preciso juntar a capacidade de investimento público com o privado para aumentar o investimento brasileiro."

Liberado por Dilma Rousseff, Moreira Franco prepara-se para recompor, sob critérios políticos, a equipe de sua pasta. Recolhe sugestões de deputados e senadores. "Eu tenho recebido algumas indicações que são de pessoas qualificadas e que podem colaborar."

Sobre 2014, Moreira Franco declarou que a antecipação do calendário da sucessão presidencial "neurotizou o processo". Correligionário e amigo do vice-presidente Michel Temer (PMDB), o ministro avalia que Dilma foi a maior prejudicada. Passou-se a impor a ela "a suspeição de que está sempre tratando questões erconômicas como candidata."

O repórter recordou ao ministro que foi Lula quem precipitou a atmosfera eleitoral ao relançar Dilma num evento festivo do PT, em fevereiro. E Moreira Franco: "Foi um erro. E o fato de ter sido um aliado nosso, um líder nosso, não significa que não tenha sido um erro. Foi um erro. E o PMDB cometeu também o erro. Ele deveria ter dito: 'Calma, não é agora.' Poderia ter feito isso. mas ninguém fez. Nem eu. E a realidade mostrou que foi um equívoco."

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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