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Voto aberto provoca um curto-circuito no PSDB

Josias de Souza

04/09/2013 19h37

O debate sobre o fim do voto secreto no Congresso revelou uma nova face do PSDB. Já se sabia que os tucanos discordavam no essencial. Descobre-se agora que não conseguem se entender também nos detalhes. Deu-se um curto-circuito entre o tucanato da Câmara e o do Senado.

Por unanimidade, a bancada de deputados tucanos votou a favor da emenda constitucional que extingue o voto secreto em todas as suas modalidades. Líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP) defendeu a tese segundo a qual não existe meia transparência.

"Enquanto esta Casa não fizer ecoar a indignação da sociedade, não seremos respeitados. Se a sociedade quer o voto aberto, vamos trazê-lo para dentro desta Casa", disse Sampaio. O deputado Vanderlei Macris (SP), vice-líder do PSDB, endossou-o: "A relação do eleitor com seu representante deve ser transparente, por isso entendemos que o voto aberto precisa se dar em todas as circunstâncias."

Para o senador Aloysio Nunes (SP), líder do PSDB no Senado, a adoção do voto aberto indiscriminado "é um ato de ligeireza institucional." Avalia que, "da parte da oposição, é mais que tiro no pé, é tiro no ouvido."

Aloysio declara-se a favor do voto aberto para a cassação de mandatos. Mas defende o voto secreto para outras votações. Por exemplo: análise de vetos presidenciais e indicações do Executivo para ocupação de cargos públicos.

Ao descer aos exemplos, o senador tucano bateu: "A Câmara aprovou voto aberto para escolha do Procurador-Geral da República e ministros do STF. Um tem atribuição de propor ação penal contra parlamentar federal, o outro, de julgá-lo. É colocar todos em situação de potencial suspeição. Chega a ser indecoroso."

Em meio aos cristais trincados, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, fez pose de algodão. Acha que as palavras de Aloysio Nunes expressam o "caminho mais adequado". Gostaria de manter o voto secreto especilmente na análise de vetos presidenciais. Mas avalia que, se não houver alternativa, a posição do deputado Carlos Sampaio é melhor do que nada.

"Vamos aprovar o fim do voto secreto até sem a exclusão dos vetos. Se a opção for entre ficar como está e aprovar o fim do voto secreto para tudo, prefiro aprovar o fim do voto secreto para tudo…"

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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