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Soninha já se declara pré-candidata pelo PPS

Josias de Souza

16/10/2013 05h26

Soninha Francine decidiu lançar-se como "pré-candidata" à Presidência da República pelo PPS. Ex-vereadora e candidata derrotada à prefeitura de São Paulo em 2012, ela se declara "empolgada" com a perspectiva de participar do processo sucessório. "Estou me dispondo até a abrir mão do plano de disputar um mandato [na Câmara] federal."

A novidade divide o partido. Lidera o bloco pró-Soninha o deputado Rubens Bueno (PR), secretário-geral do PPS, segundo posto na hierarquia da legenda. "É a nossa melhor opção", diz ele. Contrário à ideia, o deputado Roberto Freire (SP), presidente do partido, dispensa até a diplomacia: "Não tenho nenhum entusiasmo por isso."

A despeito da aversão de Freire, dois diretórios estaduais do PPS já aprovaram o apoio à candidatura de Soninha. O nome dela foi referendado na noite desta terça (15), em decisão unânime (25 votos), pela Executiva estadual da legenda em Pernambuco, Estado governado pelo presidenciável do PSB, Eduardo Campos. "A Soninha não é uma candidata qualquer. Tem preparo para fazer um belo papel", disse o ex-ministro Raul Jungmann, vereador em Recife e presidente do PPS pernambucano.

Na noite da véspera, conforme já noticiado aqui, o diretório estadual do PPS no Paraná, presidido por Rubens Bueno, também já havia formalizado, por 42 votos a 2, a opção pela candidatura presidencial própria e pelo nome de Soninha. É possível que outros diretórios estaduais imitem o gesto. O tema mobiliza filiados da legenda em grupos de discussão na internet.

O blog perguntou a Roberto Freire se planeja usar o peso da presidência para desautorizar o movimento. E ele: "Eu não faria isso, até porque o partido é que vai decidir. Apenas acho que esse não é o caminho. Se tivéssemos um candidato competitivo, tudo bem. Mas não é o caso. Então, para quê? Só para fazer proselitismo. Ora, por favor. Não é comportamento adequado para uma eleição como essa, que tanto significa para nós da oposição."

"O Roberto Freire se preocupa porque acha que não precisamos decidir nada agora, e teme que o partido se precipite", Soninha tenta interpretar. "Eu não me preocupo com esse risco. Temos três alternativas. Duas delas já estão muito claras: apoiar o PSDB, com o Aécio Neves, ou apoiar o PSB e a Rede, com Eduardo Campos e Marina Silva. A terceira hipótese é a candidatura própria."

Soninha prossegue: "Agora, não há mais pressa. Só temos que decidir em dezembro, no Congresso do partido, ou em março, na convenção. O debate ocorrerá de qualquer jeito. Não vejo problema em fazer uma consulta, ouvindo os Estados. Digo que sou pré-candidata não por formalidade, mas porque há dúvida no partido. E se existe dúvida, a melhor maneira de eliminá-la é sair perguntando agora, para testar as hipóteses. Aí, é como no caso do Rogério Ceni [goleiro do São Paulo]: só perde pênalti quem bate."

Freire não se dá por achado: "Ter candidato por ter candidato não faz sentido. Pode até parecer um pouco duro o que vou dizer, mas isso vai contra a nossa história. Quando fui candidato, em 1989, era num processo de redemocratização, em que precisávamos afirmar o partido. Quando Ciro Gomes disputou pelo PPS, era na perspectiva de constituir uma terceira via".

O presidente do PPS acrescenta: "Agora, quando cogitamos a candidatura do [José] Serra ou da Marina Silva, pensávamos em exercer um certo protagonismo no processo. Os dois são competitivos. Sair com um nome que dê traço nas pesquisas ou que some 1%, 2% não nos torna relevantes nem para uma eventual composição de segundo turno. Temos que pensar no fortalecimento do partido e das oposições. Creio que ajudamos mais se apoiarmos alguém que vá para o segundo turno."

Acha que o nome de Soninha seria refugado no Congresso do PPS, em dezembro?, perguntou o repórter a Freire. "Nao sei", ele respondeu. "Digo a você que tenho receio. O partido fica se entusiasmando com isso e não é assim que se faz. Se lançar candidatura própria de qualquer jeito resolvesse o problema, o PSTU, com  o seu lema 'contra burguês vote 16' seria um grande partido."

Soninha diz ter chegado à pré-candidatura em três lances. Num, ouviu Rubens Bueno mencionar-lhe o nome numa entrevista e não deu grande importância. Noutro, testemunhou a defesa que Bueno fez do seu nome numa reunião da Executiva nacional e exclamou: "Olha que eu topo!". No derradeiro lance, viu a adesão à sua candidatura crescer no debate interno da internet, sobretudo entre os correligionários que se frustraram com a ida de Marina Silva para o PSB. Foi quando evoluiu da cogitação para a "empolgação."

O entusiasmo levará Soninha a viajar pelo país. "Aceitarei todos os convites que receber", diz ela. Já recebeu o primeiro, de Jungamann, para um ato partidário em Recife, no próximo dia 24. "Melhor o debate interno, ainda que com divergências, do que o silêncio dos cemitérios", diz Jungamnn, amigo de Roberto Freire.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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