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Cúpula do PMDB já aceita fazer pré-convenção

Josias de Souza

29/10/2013 07h13

Nascida de baixo para cima, a tese de que o PMDB precisa realizar uma pré-convenção em março de 2014 começa a ser absorvida pela cúpula do partido. Até o vice-presidente Michel Temer, que torcia o nariz para a ideia, já cogita encampá-la. O movimento evolui por pressão dos diretórios estaduais, não por opção da direção nacional. A decisão deve ser tomada nos próximos dias.

Pelo calendário previsto em lei, a convenção que irá decidir se a renovação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer convém ou não ao partido terá de se realizar em junho. Até bem pouco, a reedição da parceria com o PT era vista como favas contadas. Hoje, feridas abertas nos Estados levam lideranças regionais do PMDB a desligar o piloto automático.

Em privado, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, diz que a ideia da pré-convenção dividiu o PMDB em dois grupos. Um deseja o encontro de março para antecipar a deliberação sobre a aliança nacional. Outro enxerga a reunião como uma oportunidade para inventariar os problemas de modo a saná-los antes que contaminem a convenção de junho.

Somando-ser os dissidentes notórios com os insatisfeitos de ocasião, são pelo menos nove os Estados onde o PMDB se estranha com o PT e vice-versa: Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

Na convenção de junho, aquela em que o PMDB decidirá se vale a pena renovar a aliança federal com o PT, os convencionais virão dos Estados. No total, serão cerca de 520. Como alguns têm o direito de votar mais de uma vez, descerão à urna algo como 740 votos. Quem conhece o PMDB por dentro diz que, se a votação fosse hoje, a aliança com o PT estaria ameaçada.

Nas palavras de um dirigente do PMDB, "o PT vai ter que decidir se sua prioridade é a eleição presidencial ou a disputa nos Estados. Ter tudo ao mesmo tempo não será possível. Impor a lógica nacional às alianças estaduais também não vai funcionar."

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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