Pilotos e comissários desistem de paralisação
Josias de Souza
19/12/2013 18h34
No início da campanha salarial, o sindicalismo aéreo falava grosso. Exigia reajuste de 12%, noves fora os benefícios sociais. A "exigência" logo seria reduzida para 8%. A Justiça trabalhista determinou que, em caso de greve, pelo menos 80% dos cerca de 18 mil aeronautas deveriam trabalhar. O governo levou à mesa a tese da abertura do mercado à concorrência externa.
Puxa daqui, estica dali, os ex-grevistas toparam o reajuste salarial de 5,6% oferecido pelas companhias aereas. O índice corrige apenas a inflação, sem aumentos reais. O sindicato diz ter sido atendido em "diversos itens sociais para melhores condições de trabalho". Vai abaixo a nota em que a desistência da greve foi formalizada:
Depois de várias negociações entre o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) e o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), os tripulantes aceitaram reajuste salarial de 5,6% e diversos itens sociais para melhores condições de trabalho, como estabelecimento de piso salarial para copiloto e comandante; previsão de vale alimentação para quem recebe salário líquido até R$ 3.248,01; melhores condições de escala para as tripulantes num prazo de seis meses após o retorno da Licença Maternidade; passe livre (permite que os aeronautas da aviação regular utilizem voos domésticos das empresas congêneres).
Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Marcelo Ceriotti, "em respeito aos usuários do transporte aéreo e pela fragilidade do sistema da aviação brasileira, decidimos cancelar a paralisação, mas vamos continuar nossa busca por melhores condições de trabalho e para o setor. Buscaremos junto ao governo um trabalho conjunto para implementação de melhorias sustentáveis para o sistema de aviação nacional".
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.