PT X PMDB: Lindbergh abre fogo contra Cabral
Josias de Souza
11/02/2014 02h17
Dez dias depois de desembarcar do governo de Sérgio Cabral, o PT do Rio de Janeiro abriu fogo contra o ex-parceiro PMDB. Fez isso por meio de duas inserções publicitárias de 30 segundos levadas ao ar na noite desta segunda-feira (10), no rádio e na tevê. As peças são estreladas pelo senador Lindbergh Farias, candidato petista à sucessão de Cabral.
No comercial mais áspero, disponível acima, o petismo acusa a gestão Cabral de enganar a população, falseando a resolução de problemas. "A maquiagem é a forma mais fácil de embelezar uma pessoa. Mas, quando é usada para disfarçar problemas, é a forma mais rápida de aumentar o sofrimento de um povo", diz Lindbergh.
O senador prossegue: "Hoje, as lágrimas do povo do Rio estão desfazendo uma maquiagem feita nos últimos anos. As pessoas estão sofrendo com falta de água, de luz, de transporte, de saúde e educação. É preciso um governo que resolva de verdade os problemas do povo."
Na segunda propaganda, reproduzida abaixo, Lindbergh mantém a língua em riste: "O transporte no Rio está um caos." Um locutor declara: "Não se pode jogar fora tudo o que foi feito. Mas não se pode continuar fazendo errado." Ao desqualificar a gestão Cabral, o PT alveja por tabela o vice-governador Luiz Pezão, que representará o PMDB na disputa.
Assessora Lindbergh na ofensiva publicitária o marqueteiro João Santana. O mesmo que coordena o marketing reeleitoral de Dilma Rousseff. Uma evidência de que Lula, amigo de Santana, retirou o escudo político que oferecia a Cabral e seu grupo. Além de PT e PMDB, outros dois sócios do condomínio pró-Dilma devem lançar candidatos no Rio. O PR vai de Anthony Garotinho. O PRB ensaia o lançamento do ministro Marcelo Crivella (Pesca).
Representado nas negociações estaduais por seu presidente, Rui Falcão, o PT federal esforça-se para expandir as fronteiras da campanha de Dilma no Rio aos palanques de Lindbergh, Garotinho e Crivella. Cabral avisou que pretende franquear o palanque de Pezão a outro presidenciável. Resta saber se algum dos rivais de Dilma se animará a virar sócio da impopularidade do governador.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.