Cristina Kirchner vê ‘golpe suave’ na Venezuela
Josias de Souza
02/03/2014 00h09
"Não posso deixar de me referir a um tema vital para a região: a tentativa inesperadamente suave contra a República Bolivariana da Venezuela. Não venho aqui defender o presidente Nicolás Maduro, venho defender ao sistema democrático de um país, como fizemos na Bolívia, no Equador e o faremos em qualquer país da região, sejam eles de esquerda, de direita, do meio ou do fundo."
Cristina não fez referência a Leopoldo López, o líder oposicionista venezuelano, preso desde 18 de fevereiro por ter cometido o crime de se opor. Ela também não citou os 16 cadáveres que saíram dos protestos de rua na Venezuela para a sepultura. Absteve-se de mencionar, de resto, o descontrole inflacionário e o vazio das gôndolas, fenômenos que dão à gestão de Maduro uma aparência apodrecida.
Quer dizer: para madame Kirchner, ela própria uma gestora precária, democracia é um regime que não nega a ninguém o direito de concordar inteiramente com o incompetente de plantão. Ou, por outra, democracia é um sistema político completamente isento de democratas.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.