‘Eu não fui eleita para tomar medida antipopular’
Josias de Souza
10/06/2014 17h14
Ao discursar, Dilma atacou seus antagonistas. Disse que, ao defender programas sociais que antes atacavam, eles praticam um "oportunismo do mais deslavado nível". A presidente insinuou que só ela e seus aliados podem assegurar a felicidade eterna, porque não foi "eleita para tirar direito de trabalhador" nem para "tomar medida antipopular."
Dilma disse tudo isso num instante em que sua impopularidade atinge níveis preocupantes. Segundo o Datafolha, só 34% do eleitorado manifesta, hoje, a vontade de votar nela. Apenas 33% dos brasileiros consideram o seu governo ótimo ou bom. Notáveis 74% sonham com mudanças.
Presidente do PDT federal, Carlos Lupi, varrido da pasta do Trabalho em 2001, o ano da pseudofaxina, fez votos de êxito: "Temos absoluta confiança de que a sua vitória será a vitória do povo brasileiro." Acrescentou: "A educação é a nossa bandeira. É ela que liberta. que dá cidadania e faz o povo ficar de pé." Dilma ecoou Lupi: "Não fui eleita para colocar o país de joelhos."
De fato, a educação é libertadora. Porém, quando combinada com a liberdade de imprensa, pode tornar-se algo muito perigosa. Costuma conduzir as pessoas à conclusão de que a politicagem é o caminho mais longo entre um projeto de governo e sua realização.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.