Festejar o 4 X 1? Ora, não é senão a obrigação!
Josias de Souza
23/06/2014 20h35
Sim, o Brasil venceu. É verdade, o placar foi de 4 a 1. Recordemos, porém, quem era o adversário: seus jogadores vinham de uma ameaça de greve. Embarcaram para esta terra de palmeiras e sabiás na última virada do relógio, depois de acertar o 'bicho'. Em campo, o rival exibira um desempenho de sub-Olaria: dois jogos, duas derrotas. Não marcara um mísero gol. Buscara a bola no fundo da rede cinco vezes.
O Brasil jogou contra Camarões, gente! Perdendo, os jogadores teriam de ser deportados para a Argentina. Empatando, para a África. Vencendo com um ou dois gols de diferença, seriam protagonistas de um vexame. Vamos e venhamos: com o placar de 4 a 1, a turma de Felipão deu conta do básico. Era obrigação. Para justificar o desperdício de um rojão, seria preciso enfiar seis, sete. Fogos? Só de oito pra cima!
O jogo teve duas escassas serventias: tirou o piano que pesava sobre os ombros dos jogadores depois do 0 X 0 contra o México. E realçou as principais deficiências: 1) a equipe exibe uma preocupante 'neymardependência', há um buraco no meio-campo (que Fernandinho preencheu no segundo tempo, ao substituir Paulinho); 3) noves fora Neymar, falta um franco-atirador.
Vem aí o mata-mata. No sábado, o Chile de Alexis Sánchez. Assusta menos do que a Holanda de Arjen Robben. Mas não é uma sopa de camarões. Assim, em vez de bater palmas, bata na madeira. Ainda não foi nesta segunda-feira que aquele Brasil da Copa das Confederações entrou em campo.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.