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Em apuros na pesquisa, Marina se declara ‘feliz’

Josias de Souza

24/09/2014 03h28

Marina Silva teve uma reação paradoxal à última pesquisa do Ibope. Ela voltou a oscilar para baixo na simulação de primeiro turno e foi alcançada por Dilma Rousseff no segundo round. "Olha, é para comemorar!", disse a candidata na noite passada, numa entrevista em Porto Alegre. Marina declarou-se "feliz e tranquila". Atribuiu o estado emocional ao fato de sua candidatura sobreviver a três movimentos:

1. Dupla artilharia: "Aécio tem o direito legítimo de ter sua candidatura, junto com a da presidente Dilma. Agora, de uma forma muito particular, eles estão juntos para tentar derrotar o nosso projeto. […] Os dois não apresentaram um programa. E fizeram uma aliança estratégica para tentar destruir quem tem um programa para governar e mudar o Brasil. Nós estamos felizes com o que está acontecendo. É um movimento da sociedade brasileira."

2. Superestrutura: "Nós estamos tranquilos em relação a tudo isso, porque, enfrentar não sei quantos mil vereadores, deputados, senadores, 20 mil cargos de confiançaa, 11 minutos de televisão contra dois, uma aliança que não se explica com Sarney, Collor, Renan, Maluf, Jader Barbalho… Enfrentamos tudo isso e mesmo assim estamos onde estamos."

3. Efeito João Santana: "Esse marketing selvagem, que não é mais mediado pela ética, não tem princípios, diz qualquer coisa, vale tudo para ganhar o poder. Contra esse marketing selvagem e seus vocalizadores não existe argumento, mas existe uma arma poderosíssima: o discernimento. E a sociedade brasileira tem bom discernimento."

Marina voltou a ironizar a artilharia de João Santana, o marqueteiro da campanha de Dilma. Disse que a propaganda petista a trata como se fosse capaz de "destruir tudo o que esse país construiu nos últimos 500anos." Acha que recebe um tratamento de "exterminadora do futuro" porque Dilma "quer disfarçar o extermínio que está fazendo do nosso presente".

A certa altura, Marina comparou a economia brasileira a um doente hospitalizado. O governo "agora lançou mão do Fundo Soberano para socorrer as contas públicas. Vocês sabem por que esses R$ 3,5 bilhões foram tirados de um fundo que foi criado para situações de gravíssima emergência econômica? Para denunciar a propaganda enganosa de que está tudo bem."

Marina arrematou: "Se o paciente está bem…, por que está sendo dada morfina para ele? É uma interrogação que a sociedade tem que fazer. É porque de fato a nossa situação é grave: baixa credibilidade, pouco investimento. É a primeira vez na história desse país que quem está no poder, quando sobe nas pesquisas, as ações da Petrobras caem. Então, amigos, estamos muito tranquilos, felizes."

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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