Topo

Marina vai à batalha do 1º turno sem ‘infantaria’

Josias de Souza

30/09/2014 06h21

O bombardeio dos rivais e as avarias sofridas nos índices de pesquisas não são os únicos problemas de Marina Silva. A cinco dias da eleição, a campanha da presidenciável do PSB exibe nas ruas da maior parte dos Estados uma estrutura precária. Marina virou uma comandante sem exércitos. Julgando-se desprezados, os candidatos aos legislativos estaduais e ao Congresso cuidam dos seus próprios interesses, sem dar atenção à campanha nacional.

Tomando o caso de São Paulo como exemplo, um aliado de Marina que entende de urnas e sabe fazer contas colecionou os seguintes dados: estão em jogo na disputa paulista 164 cadeiras de deputados federais e estaduais. Há incontáveis postulantes, mas os que têm alguma chance não passam de cinco por vaga. No total, 820 candidatos competitivos em todo o Estado.

Cada um desses 820 candidatos dispõe de pelo menos 300 pessoas contratadas para trabalhar na campanha de rua diariamente. Juntas, somam 246 mil cabeças. Nesta semana, reta final da campanha, esse número é multiplicado por dez. Quer dizer: há hoje nas ruas do Estado de São Paulo cerca de 2,46 milhões de pessoas trabalhando na eleição.

Quantos distribuem santinhos, colam cartazes e transportam cavaletes com propaganda de Marina? Nem mesmo os correlegionários dela. Há no PSB paulista cerca de 160 candidatos. Os mais viáveis somam 20. Mantinham nas ruas algo como 6 mil pessoas. Nesta semana, elevaram o contingente para 60 mil. A grossa maioria ignora Marina.

Por quê? Alegam não ter recebido material de campanha associando suas imagens à de Marina. E sustentam que não obtiveram algo ainda mais trivial: um gesto de apreço da presidenciável.

Um aliado de Marina compara a disputa eleitoral a uma guerra. Começa com o disparo de bombas a partir de navios e aviões. Algo que pode ser feito pelos próprios presidenciáveis e por aliados bem-postos na mídia —de políticos a artistas. Porém, numa disputa acirrada como a atual, afirma o interlocutor do blog, é a infantaria que costuma ganhar a guerra.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Marina vai à batalha do 1º turno sem ‘infantaria’ - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


Josias de Souza