Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef declarou na quarta-feira (8) que Paulo Roberto Costa, o ex-diretor que desviou dinheiro da Petrobras para partidos, foi nomeado por Lula sob chantagem de políticos governistas. (O depoimento pode ser ouvido, na íntegra, nos quatro áudios disponíveis no rodapé do texto).

"Tenho conhecimento que, para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira de diretor da diretoria de Abastecimento [da Petrobras], esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso durante 90 dias. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e, realmente, empossar o Paulo Roberto na diretoria de Abastecimento."

Ecoando o depoimento de outro réu, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Youssef disse que empresas com contratos na Petrobras pagavam propinas a políticos e partidos. Confirmou também que parte da verba desviada da estatal financiou o caixa dois de campanhas em 2010. Tudo combinado em reuniões que tinham até ata. "Fazíamos reuniões em hotéis, no Rio ou em São Paulo ou na própria casa dos agente político que primeiramente comandava esse assunto na área de Abastecimento. Nessas reuniões eram feitas atas de discusão."

Instado pelo juiz, Youssef mencionou o nome de uma das empresas que participavam do esquema de corrupção: Camargo Corrêa. Com quem tratava na Camargo Corrêa?, inquiriu o magistrado"No início, nas reuniões em que acompanhei o senhor José [Janene, ex-líder do PP na Câmara, morto em 2010] foi tratado com o senhor João Auler. Depois, devido o desentendimento do senhor José Janene com o João Auler, esse assunto passou a ser tratado por mim e, logo em seguida, também trocaram o interlocutor, que foi o senhor Eduardo Leite…"