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Grupo articula candidatura de Jarbas na Câmara

Josias de Souza

03/11/2014 04h34

Surgiu no Parlamento um movimento que tenta colocar em pé a candidatura de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) à presidência da Câmara. Ainda senador, Jarbas acaba de ser eleito deputado. Em fevereiro, ele se transferirá para a Casa legislativa ao lado. O assédio lhe chega com três meses de antecedência.

Há quatro dias, Jarbas recebeu um telefonema do deputado Silvio Costa (PSC-PE). Foi informado de que há na Câmara um grupo interessado em empinar sua candidatura à sucessão interna. Mencionaram-se na conversa vários potenciais apoiadores. Entre eles, por exemplo, Miro Teixeira (PROS-RJ).

O nome de Jarbas é mencionado como opção também nas conversas de integrantes do grupo dos partidos de oposição. PSDB, DEM, PPS, PSB e Solidariedade buscam uma espécie de terceira via. Algo que torne menos previsível a disputa, virtualmente polarizada entre o líder do PMDB Eduardo Cunha (RJ) e o candidato a ser lançado pelo PT.

No bloco oposicionista, quem sugeriu o nome de Jabas foi o deputado Marcus Pestana, vice-líder da bancada tucana e presidente do PSDB de Minas Gerais. O grupo ainda não tomou uma posição. Fará nova reunião nesta terça-feira (4).

E quanto a Jarbas, como se posicionará? Na conversa telefônica com Silvio Costa, ele soou cauteloso. Disse que, como está chegando agora à Câmara, precisa tomar pé da situação. Revelou-se disposto a conversar. Mas não assumiu nenhum tipo de compromisso.

Há cinco dias, Jarbas participou de sua primeira reunião com a bancada do PMDB na Câmara. Testemunhou a recondução de Eduardo Cunha à liderança, em decisão unânime. Diferentemente do que sucede no Senado, onde atua à margem de uma bancada majoritariamente controlada por seus desafetos Renan Calheiros e José Sarney, Jarbas sentiu-se acolhido pelos novos pares.

Em privado, o quase ex-senador comentou que se identificou com tom oposicionista dos discursos proferidos na reunião do PMDB da Câmara. Gostou inclusive da manifestação do líder Eduardo Cunha, que se distancia do Planalto e declara que é preciso barrar a ascensão do PT ao comando à da Câmara para evitar que a legenda da presidente da República se torne uma força política "hegemônica".

Ou seja: tomado pelas palavras, Jarbas não parece enxergar numa eventual presidência de Eduardo Cunha o fim do mundo.

– Atualização feita às 13h12 desta segunda-feira (3): O deputado Silvio Costa entrou em contato com o blog. Disse que, de fato, participa de um grupo suprapartidário "para construir uma candidatura à presidência da Câmara." Confirmou ter telefonado para Jarbas Vasconcelos. Mas ponderou: "Entendo que não é salutar começar qualquer movimento com nomes". Busca-se, antes, um consenso quanto aos objetivos: "Defendemos que o novo presidente construa um diálogo permanente com a opinião pública, recoloque a Câmara como o grande centro de debate do país e, acima de tudo, não se utilize do cargo para criar uma crise de governabilidade permanente."

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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