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Caso Petrobras: Marina e Aécio ironizam Dilma

Josias de Souza

18/11/2014 02h48

Ex-rivais de Dilma Rousseff na campanha presidencial, Marina Silva e Aécio Neves utilizaram uma entrevista da presidente sobre a corrupção na Petrobras como matéria-prima para suas ironias. Em textos veiculados na internet, ambos realçaram a ausência de autocrítica na manifestação da presidente.

Para Marina, Dilma não tirou os pés do palanque. "…Continua a fazer exaltações a seu governo em manifestações descoladas da realidade." Ela reproduziu três comentários da presidente: 1) o caso do petrolão é "o primeiro da nossa história investigado"; 2) "isso pode, de fato, mudar o país para sempre"; 3) a investigação "não é algo engavetável".

Na sequência, Marina espetou: "Dilma gosta de falar das 'gavetas' de governos anteriores, mas seria positivo para a sociedade brasileira que ela esvaziasse as próprias. Em vigor desde 29 de janeiro, a Lei Anticorrupção (12.846/13) ainda não está sendo aplicada, segundo estudiosos do Direito, porque não foi regulamentada pelo Palácio do Planalto. […] O Brasil aguarda ansiosamente que a presidente Dilma retire das gavetas do palácio o decreto que ajudará a combater a ação dos corruptores no país."

Aécio escreveu que Dilma reage ao noticiário "como se fosse apenas uma espectadora, uma cidadã indignada, como se o seu governo não tivesse nenhuma responsabilidade com o que ocorreu na empresa nos últimos anos. Como se não tivesse sido ela a presidente do Conselho de Administração da Petrobras, responsável pela aprovação de inúmeros negócios, hoje sob investigação."

Para o ex-presidenciável tucano, Dilma "zomba da inteligência dos brasileiros" ao "agir como se a Petrobras não fizesse parte do seu governo." Aécio lembrou que, nos debates eleitorais, convidou Dilma a "pedir desculpas ao Brasil pelo que acontecia na empresa." Reiterou a provocação: "Presidente, a senhora não acha que está na hora de pedir desculpas ao país pelo que o seu governo permitiu que ocorresse com a Petrobras?"

Auxiliares de Dilma e líderes do PT acusam a oposição de tentar criar no país uma atmosfera de "terceiro turno". Comportam-se mais ou menos como um oficial alemão que foi visitar o estúdio de Picasso durante a ocupação de Paris. Ele viu na parede uma reprodução de Guernica, o quadro que mostra a destruição da cidade espanhola na guerra civil. "Foi o senhor que fez isso?", perguntou o oficial. E Picasso: "Não, foram os senhores".

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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