Levy na Fazenda complica estratégia do PSDB
Josias de Souza
29/11/2014 04h09
— Hoje, atacamos a incoerência da Dilma, que parece ter descoberto que até o marketing eleitoral tem que ser baseado num orçamento. Mas amanhã, quando o Joaquim Levy começar a executar o nosso programa no governo dela, não teremos como bater cegamente. Seria autoflagelação.
Nos próximos dias, o PSDB deve potencializar no Congresso o embate contra o projeto de Dilma que mexe na Lei de Diretrizes Orçamentárias, para autorizar o governo a fechar suas contas de 2014 no vermelho. Deseja-se realçar que Levy entra no governo como uma espécie de remédio de Dilma contra ela própria.
De resto, o tucanato faz duas apostas. Uma de curto prazo: a crise política a ser deflagrada pelas denúncias da Procuradoria sobre o petrolão dominarão a cena. Outra de médio prazo: Levy logo verificará que Dilma não lhe dará a autonomia de que necessita para recolocar a economia nos trilhos. Nessa perspectiva, o novo ministro da Fazenda não seria uma solução, mas uma nova crise esperando para acontecer.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.