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Dilma vive a psicose do que ainda vai acontecer

Josias de Souza

23/12/2014 05h02

Num país de tantos roubos e delações, Dilma Rousseff descobriu um sentimento inédito de vulnerabilidade. Vive a psicose do que ainda está por acontecer. A uma semana da reposse, a presidente ainda não preencheu as lacunas do seu ministério. Prometeu aos repórteres que divulgará os nomes até o dia 29. Antes, fará uma consulta ao Ministério Público Federal. Que não responderá imediatamente, para manter a independência.

Quando Dilma estiver saindo do Alvorada, com a lista de nomes sob a axila, o procurador-geral da República Rodrigo Janot telefonará, finalmente, para passar as instruções que as leis e as circunstâncias autorizam: "Use aquele terninho vermelho." Dilma, já pronta, tirará o tailleur bege, vestirá a peça recomendada e irá para a entrevista coletiva, no Planalto.

Ao recorrer a Janot, Dilma dá um inesperado exemplo de humildade. Com os aliados que o antecessor lhe deixou, ela precisa mesmo habituar-se à ideia de que sua rotina passará a ser dirigida pela Procuradoria da República. Nos mínimos detalhes. Se Janot não lhe ministrar ensinamentos regulares sobre estética, o governo perderá por completo o apuro.

Com o procurador-geral tomando as decisões, Dilma ficará livre para tocar o seu projeto prioritário: a implantação do regime draconiano para a perda de 13 quilos. Enquanto a presidente se dedica ao auto-emagrecimento, há sempre a alternativa de entregar o país nas mãos de Deus. Ou do Lula, que, para o petismo, é a mesma coisa. Mas o poder divino tem conduzido o governo à desmoralização. Melhor não insistir.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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