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Petrobras foi a Santos para evitar que megaincêndio atinja produtos tóxicos

Josias de Souza

05/04/2015 05h29

As autoridades que integram o gabinete de crise composto para lidar com o megaincêndio nos tanques de combustíveis da empresa Ultracargo, em Santos (SP), tiveram um motivo forte para requisitar ao governo federal o auxílio federal da Petrobras. Trabalha-se para evitar que as chamas atinjam tanques que armazenam produtos químicos cuja combustão liberaria na atmosfera gases tóxicos, prejudiciais à saúde. Se inalados, podem provocar, por exemplo, náuseas, tontura e dor de cabeça.

O socorro foi obtido depois de um par de ligações. O prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), telefonou para o vice-presidente Michel Temer (PMDB). E o vice-governador de São Paulo, o ex-deputado federal Márcio França (PSB), tocou o telefone para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). Contactado por Temer, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, não tardou a responder.

Solícito, Bendine autorizou o envio a Santos de sete caminhões equipados para lançar espuma na área afetada pelo fogo, dos quais quatro já operavam neste sábado; dois navios-plataforma; bombas de sucção; e mão de obra especializada. A Petrobras entrou em cena três dias depois do início do incêndio, às 10h da última quinta-feira.

Há na área administrada pela Ultracargo, uma empresa privada do grupo Ultra, cerca de cinco dezenas de tanques. Dois arderam até que o combustível fosse integralmente queimado. Outros quatro eram consumidos pelas chamas neste sábado. No início da tarde, explodiu um quinto. Por ora, todos os tanques alcançados pelo fogo armazenavam gasolina ou etanol.

Existem, porém, quatro tanques que inspiram maior preocupação. Três guardam um tipo de resina que, além de tóxica, possui alto grau de combustão. Os técnicos conseguiram injetar nesses tanques um produto que elimina o risco de explosão. Em linguagem técnica, o produto químico foi "inertizado". Ainda assim, conforme relato ouvido pelo blog, pode liberar gases tóxicos se pegar fogo.

O quarto tanque contém substância que inclui cloro em sua composição. Em contato com o fogo, exala um cheiro forte e sufocante. Nesse caso, planejava-se na noite passada esvaziar o tanque por meio de um duto subterrâneo e injetar água dentro dele. A operação entraria pela madrugada. As autoridades estavam confiantes. A ponto de a prefeitura descartar a hipótese de retirar os moradores de comunidades localizadas próximas à área do incêndio.

O gabinete de crise marcou para o final da manhã deste domingo uma segunda reunião para avaliar a efetividade das últimas decisões. Além do prefeito Paulo Barbosa e do vice-governador Márcio França, integram o grupo os secretários de Estado Saulo de Castro (Governo), José Roberto Rodrigues de Oliveira (Casa Militar), Alexandre de Moraes (Segurança Pública) e Patrícia Iglecias (Meio Ambiente); o comandante do Corpo de Bombeiros Marco Aurélio Alves Pinto; e o subsecretário de Comunicação do Palácio dos Bandeirantes, Marcio Aith.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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