PPS contesta no STF prazo do TCU para Dilma
Josias de Souza
22/06/2015 04h40
O PPS recorrerá ao STF nesta segunda-feira contra a decisão do TCU de conceder 30 dias para que Dilma Rousseff se defenda das irregularidades detectadas nas contas do seu governo 2014. O prazo é "manifestamente inconstitucional", sustenta a legenda num mandado de segurança. Pede-se que o Supremo suspenda a decisão e ordene ao TCU a imediata conclusão da análise das contas do ano passado. Deve-se a iniciativa ao deputado Raul Jungmann (PPS-PE).
Conforme já noticiado aqui, ao inovar para beneficiar Dilma, o TCU ignorou a Constituição. Afrontou o parágrafo primeiro do artigo 71 do texto constitucional, que obriga o TCU a finalizar a análise das prestações de contas anuais do governo em 60 dias. O órgão já havia extrapolado esse prazo em dez dias. E ainda concedeu mais um mês para que Dilma apresente suas contrarrazões.
Na visão do PPS, além de violar o texto constitucional, a decisão do TCU resultou numa "afronta ao devido processo legal." Impede que o Congresso Nacional exerça prontamente sua prerrogativa de "julgar as contas do governo da Repúbica." E faz isso por meio de um "ato manifestamente inconstitucional."
Pela Constituição, cabe ao Congresso dar a palavra final sobre as contas do governo. Órgão auxiliar do Legislaltivo, o TCU apenas emite o parecer técnico que fundamentará o julgamento político do Legislativo. Nesse contexto, o palco para que Dilma exerça o seu direito ao contraditório seria o Congresso, não o TCU.
O mandado de segurança do PPS será distribuído por sorteio a um dos 11 ministros do Supremo. Que deve requerer as manifestações do governo e da Procuradoria antes de decidir se emite ou não a liminar pedida pelo PPS para suspender, por inconscitucional, o prazo concedido pelo TCU para a defesa de Dilma.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
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