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Líder tucano prevê posse de Cunha, após cassação de Dilma e de Temer no TSE

Josias de Souza

03/07/2015 03h35

Em discurso feito na tribuna do Senado na noite passada, o senador paraibano Cássio Cunha Lima, líder do PSDB, tratou Dilma Rousseff como uma presidente em estado terminal. Lembrou que o empreiteiro-delator Ricardo Pessoa, dono da UTC, vai depor em 14 de julho na ação em que o TSE investiga se houve irregularidades na campanha da presidente petista. E relatou o cenário esboçado pelo tucanato:

"Acreditamos firmemente que, já no próximo semestre, haverá o julgamento que poderá cassar o diploma da presidente Dilma Rousseff e o do vice-presidente Michel Temer. Assume, pelo comando constitucional, por três meses, o presidente da Câmara." Nesse vaticínio, Eduardo Cunha teria 90 dias para convocar novas eleições, como prevê a Constituição para os casos de interrupção dos mandatos executivos nos primeiros dois anos de governo.

"O que o PSDB defende são novas eleições", afirmou Cunha Lima. "O próprio ex-presidente Lula poderá disputar. Ele vai poder se submeter à soberania do povo brasileiro. É isto o que nós queremos: novas eleições."

Cunha Lima foi à tribuna para rebater críticas que o líder do PT, senador Humberto Costa, fizera mais cedo. Irritado com o apoio do PSDB às manobras regimentais patrocinadas por Eduardo Cunha para aprovar a redução da maioridade penal na Câmara, Humberto dissera que o tucanato rendera-se à tática do "quanto pior, melhor", abandonando inclusive o apreço que tinha pela responsabilidade fiscal. "Virou agora um grupo que vota por medidas de estouro das contas públicas e que aplaude pautas que se propõem a levar o país à bancarrota."

Em resposta, o líder tucano insinuou que falta nexo ao seu antagonista. Recordou que na véspera, ali mesmo, no plenário do Senado, fora aprovado por unanimidade o projeto que concede aos servidores do Judiciário reajuste médio de 59,5%. O custo para o Tesouro foi estimado em mais de R$ 25 bilhões em quatro anos. Todos sabem que Dilma terá de vetar. A despeito disso, Humberto foi ao microfone para liberar os votos da bancada do PT.

"Durante toda a sessão, e ela foi transmitida ao vivo pela TV Senado, o senador Humberto Costa e outros membros do PT encaminharam contra a matéria, dizendo que ela teria um grande impacto. Surpreendentemente, na hora de votar a matéria […], qual foi o encaminhamento que o líder do PT no Senado, Humberto Costa, fez? Liberou a bancada. Tanto é que o placar registrou 62 votos 'sim' e nenhum voto 'não'. Está registrado."

"Na prática", ironizou o líder tucano, "o PT contribuiu para que a matéria que ele disse que era uma irresponsabilidade fosse aprovada à unanimidade." Cunha Lima atribuiu as críticas de Humberto ao desespero. E parafraseou seu pai, Ronaldo Cunha Lima, dedicando ao governo petista um raciocínio que era dirigido ao regime militar. "O governo do PT não será derrubado, porque ele não é uma estrutura, ele será limpo com benzina, porque é uma mancha."

Como se vê, está encarniçado o embate no Senado.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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