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Saco cheio do eleitor tornou 2018 imprevisível

Josias de Souza

26/10/2015 19h40

 55% dos eleitores declaram que não votariam em Lula de jeito nenhum.

 54% declaram que jamais votariam em José Serra.

 52% rejeitam o governador paulista Geraldo Alckmin.

 52% torcem o nariz para Ciro Gomes.

 50% refugam Marina Silva como opção presidencial.

 47% deixam claro que nunca votariam em Aécio Neves.

Os dados acima, colecionados pelo Ibope em pesquisa feita entre os dias 17 e 21 de outubro, revelam duas fatalidades: 1) a crise econômica e a roubalheira que se instalou na máquina do Estado deixaram o eleitorado brasileiro de saco cheio dos políticos; 2) o candidato favorito à sucessão presidencial de 2018 é o ponto de interrogação.

Tonto, o governo Dilma virou uma espécie de criptonita de Lula. O morubixaba do PT deixou de ser o superhomem das urnas. Mas o mesmo eleitor que leva o pé atrás em relação ao petismo interroga os seus botões: afinal, o que os tucanos Aécio, Alckmin e Serra têm a oferecer? Marina Silva, a ex-novidade, vai virando parte do meio ambiente. Ciro continua sendo Ciro.

Quando a pergunta se inverte —'em quem você votaria com certeza?'— Lula ainda ostenta a maior fatia de eleitores cativos. Amealha 23% das intenções de voto. Vêm a seguir Aécio (15%), Marina (11%), Serra (8%), Alckmin (7%) e Ciro (4%). Embora a eleição ainda seja um ponto longínquo no calendário, são percentuais muito mixurucas.

A pesquisa deixa claro que as crises econômica e política comem o prestígio de Lula pelas bordas. Mas o brasileiro informa que não está disposto a servir mingau de graça aos seus rivais.

A oposição desperdiçará a sua hora se imaginar que pode triunfar apenas falando mal de tudo isso que está aí sem informar claramente o que pretende colocar no lugar. O eleitor está de saco cheio de políticos que dizem coisas definitivas sem definir muito bem as coisas.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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