Se não tivesse imunidade, Cunha estaria preso
Josias de Souza
19/11/2015 16h11
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Eduardo Cunha transformou a Câmara numa estrutura a serviço do acobertamento do crime. Não bastasse o fato de circular entre seus pares como se nada tivesse sido descoberto sobre ele, Cunha decidiu, nesta quinta-feira, obstruir a sessão da Comissão de Ética em que seria lido o relatório que pede a continuidade do processo que pode levar à cassação do seu mandato.
Com o auxílio da sua milícia parlamentar, subitamente reforçada pela tropa do PT, fez tudo o que estava ao seu alcance para impedir a deliberação do Conselho de Ética. Esvaziou o colegiado. Antecipou o início da 'Ordem do Dia' no plenário. Um aliado de Cunha chegou mesmo a anular a sessão do Conselho de Ética.
Houve gritaria no plenário. Deputados de oposição exigiram a reabertura do Conselho de Ética. Mara Gabrilli (PSDB-SP), de pé na cadeira de rodas, perguntou a Eduardo Cunha se ele está com medo. Convidou-o a levantar da cadeira. O bloco de oposição e deputados independentes bateram em retirada.
Se não tivesse imunidade parlamentar, Eduardo Cunha estaria preso. É um caso clássico de obstrução da Justiça. Por muito menos, o doutor Sérgio Moro mandou prender o baronato da construção civil.
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Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.