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Presidente do PT virou um acusador sem nexo

Josias de Souza

01/12/2015 18h55

É dura a vida de Dilma. Chantageada por Eduardo Cunha, que ameaça colocar o impeachment em movimento, a presidente opera à sombra para espichar o mandato do seu desafeto. Simultaneamente, o presidente do PT, Rui Falcão, atiçou os brios da infantaria petista por meio do Twitter: "Confio em nossos deputados, no Conselho de Ética, votem pela admissibilidade".

Procurado para explicar sua súbita valentia, Falcão amoleceu o bico. Esclareceu que defende apenas a continuidade do processo. "Durante o processo, Cunha terá todo o direito de defesa", disse. Quanto à cassação do mandato de Cunha, "a decisão caberá ao STF". Hã?!? "O tratamento que eu exijo para os outros [os petistas] tem que ser aplicado a ele também".

Ora, ora, ora… Falcão passou tanto tempo defendendo os condenados do menalão que perdeu o traquejo de acusador. No caso de Delcídio Amaral (PT-MS), o presidente do PT dá de ombros para o STF. Prepara um julgamento político para expulsá-lo do partido.

No caso de Cunha, um aliado tóxico apanhado plantando bananeira dentro dos cofres da Petrobras e guardando dinheiro na Suíça, o companheiro Falcão avalia que cabe ao Supremo, não à Câmara, perfurar o furúnculo. Antes de voltar a defender as causas justas, Falcão precisa recuperar o nexo.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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