Presidente do PT virou um acusador sem nexo
Josias de Souza
01/12/2015 18h55
Procurado para explicar sua súbita valentia, Falcão amoleceu o bico. Esclareceu que defende apenas a continuidade do processo. "Durante o processo, Cunha terá todo o direito de defesa", disse. Quanto à cassação do mandato de Cunha, "a decisão caberá ao STF". Hã?!? "O tratamento que eu exijo para os outros [os petistas] tem que ser aplicado a ele também".
Ora, ora, ora… Falcão passou tanto tempo defendendo os condenados do menalão que perdeu o traquejo de acusador. No caso de Delcídio Amaral (PT-MS), o presidente do PT dá de ombros para o STF. Prepara um julgamento político para expulsá-lo do partido.
No caso de Cunha, um aliado tóxico apanhado plantando bananeira dentro dos cofres da Petrobras e guardando dinheiro na Suíça, o companheiro Falcão avalia que cabe ao Supremo, não à Câmara, perfurar o furúnculo. Antes de voltar a defender as causas justas, Falcão precisa recuperar o nexo.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.