Reajustado, piso assegura a professor vencimento menor que o das diaristas
Josias de Souza
14/01/2016 18h55
Em apartamentos do Plano Piloto e nas casas do Lago Sul e do Lago Norte, uma diarista cobra entre R$ 120 e R$ 150 por jornada. Se molhar a camisa cinco dias por semana, amealha entre R$ 2.400 e R$ 3.000 —noves fora as refeições no trabalho e o dinheiro para o ônibus. Quem se anima a pegar no batente aos sábados, ganha entre R$ 2.880 e R$ 3.600.
O piso salarial dos professores foi criado por lei aprovada em 2008. "Ela tem permitido um crescimento significativo do valor real do piso salarial dos professores", celebrou Mercadante, antes de baixar a bola: "A verdade é que nós herdamos salários muito baixo dos professores no Brasil."
Em cartas enviadas a Dilma Rousseff, presidente de uma imaginária "Pátria Educadora", prefeitos municipais e dez governadores rogaram pelo adiamento do reajuste. Gestores de máquinas falidas, querem empurrar a mixaria dos professores para agosto. E reivindicam que o percentual de 11,36%, já mixuruca, seja reduzido para irrisórios 7,41%. Difícil exigir dedicação e eficiência de professores condenados pelo salário ao fim do mês perpétuo.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.