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PT classifica austeridade fiscal de ‘austericídio’

Josias de Souza

26/01/2016 19h00

Reunida nesta terça-feira, a Executiva Nacional do PT cobrou a "abertura de uma nova etapa da política econômica" do governo. Em resolução escrita (íntegra aqui), o partido chamou de "austericídio" a política de austeridade fiscal adotada como resposta à "crise internacional" inclusive "nos países em desenvolvimento".

O PT festejou a troca de comando na economia. Anotou que a nomeação do petista Nelson Barbosa para o Ministério da Fazenda, em substituição a Joaquim Levy, "desinterdita o debate sobre estratégias para o enfrentamento da crise, até então controlado pelo conservadorismo." A austeridade era uma ideia fixa de Levy.

O partido de Dilma parece enxergar a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, marcada para esta quinta-feira, como um reinício da administração Dilma, "um bom momento para se renovarem as esperanças de que o governo imprimirá um novo rumo à economia."

Para a Executiva do PT, a "nova etapa" da política econômica deve se basear em velhas providêncas, já experimentadas durante o governo Lula e num pedaço da gestão Dilma. Algo "que tenha como eixo a recuperação do mercado interno de massas e a retomada do desenvolvimento, a partir de medidas destinadas à ampliação do investimento público, à oferta de crédito produtivo". Só assim, acredita o partido, haverá "elevação da renda do trabalho e geração de empregos."

O petismo avalia que está em curso uma "ofensiva dos setores conservadores", para "desestabilizar o governo" e "criminalizar o PT e Lula." Daí, segundo a legenda, a necessidade de o governo promover uma virada na economia.

No alvorecer de um ano eleitoral, o partido de Dilma ainda acha possível se reposicionar em cena. "O governo e o PT precisam recompor laços políticos e sociais com nosso bloco histórico de sustentação, formado centralmente pelos trabalhadores do campo e da cidade, setores médios da sociedade, empresários em contradição com o grande capital, a intelectualidade progressista e a juventude."

No documento preparado pela Executiva, o partido dá um aviso ao governo: "O PT somente apoiará soluções que sejam negociadas e pactuadas com o sindicalismo, as organizações populares e os movimentos sociais." Mudanças na Previdência, por exemplo, só se passarem pelo crivo do "fórum quadripartite" composto de "representantes de trabalhadores, aposentados, empresários e do governo."

No dizer do PT, o equilíbrio fiscal é "necessário", mas "não pode ser pavimentado por sacrifícios do povo trabalhador". Deve passar "por mudanças que aumentem a participação das camadas mais ricas na arrecadação tributária."

De resto, o PT informa que continua em pé o "acordo político" que firmou com seus aliados tradicionais. Coisa baseada em três tópicos: "o rechaço ao impeachment, o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduado Cunha, e a mudança da política econômica" de Dilma.

Não há no documento do PT nenhum vestígio de comentário sobre o envolvimento da legenda e de filiados ilustres como os presos José Dirceu e João Vaccari no petrolão. Sobre Lava Jato, o partido faz três observações. Numa, condena "delações sem prova, vazamentos seletivos e investigações unilaterais." Noutra, apoia o manifesto em que uma centena de advogados de grife sustentaram que a invesitgação ameaça a democracia. Numa terceira, defende a ideia do governo de modificar a lei anticorrupção que Dilma sancionou em 2013, para permitir que emoresas confessadamente corruptas voltem a celebrar contratos com o governo.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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