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Nos escaninhos da Justiça, a jararaca é fujona

Josias de Souza

08/03/2016 21h22

Na última sexta-feira, abespinhado por ter sido conduzido pela Polícia Federal para prestar depoimento em inquérito da Lava Jato, Lula pintou-se para a guerra: "Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva." Fez pose de valente: "Não devo e não temo."

Decorridos quatro dias, Lula bateu novamente na porta do STF. Pede que o plenário da Suprema Corte analise seu pedido para suspender as investigações sobre a propriedade de dois imóveis: o tríplex no Guarujá, que Lula diz ter desistido de comprar depois que virou escândalo, e o sítio de Atibaia, que virou escândalo porque ele utiliza mesmo sem comprar.

A ministra Rosa Weber havia indeferido na semana passada liminar sobre o mesmo pedido. Mas a defesa de Lula não se conforma com a investigação. O objetivo explícito é retirar o caso das mãos do juiz Sérgio Moro. A meta oculta é empurrar com a barriga o encontro de Lula com suas fragilidades.

Ao criticar o juiz da Lava Jato por ter emitido contra ele uma ordem de "condução coercitiva" até o local do depoimento, Lula tachou a medida de desnecessária. Disse que, como "melhor presidente que esse país já teve", merecia "mais respeito". "Bastava o Moro me convidar, que eu iria a Curitiba. Eu adoro Curitiba."

Num comício de desagravo realizado no Sindicato dos Bancários de São Paulo, a Jararaca rosnou: "Cutucaram o cão com vara curta. Eu quero oferecer a vocês esse jovem de 70 anos de idade, com tesão de 30, corpo de atleta de 20 anos. […] A partir de hoje, a única resposta à insolência e ofensa que fizeram a mim é ir pra rua e dizer: 'Eu tô vivo e sou mais honesto que vocês'."

Com sua nova petição ao STF, a Jararaca revela-se capaz de tudo, menos de dar explicações. No escurinho dos escaninhos da Justiça, a valentia é substituída pela fuga. A cobra criada do PT não tem nada a temer, salvo o próprio medo. Sofre de Morofobia.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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