Lava Jato desafia o TSE a abandonar a letargia
Josias de Souza
28/04/2016 19h36
A campanha eleitoral de Dilma Rousseff de 2014 arde nas páginas das novas denúncias enviadas pela Lava jato à Justiça como acompanhante invisível do marqueteiro João Santana. O Ministério Público Federal reafirma que o mago do marketing petista, preso desde 22 de janeiro, foi remunerado com verbas surrupiadas da Petrobras. Recebeu tal remuneração pelos serviços eleitorais prestados ao petismo.
A Lava Jato não se ocupa da investigação de crimes eleitorais. Apura delitos como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção ativa e passiva. Mas correm no Tribunal Superior Eleitoral ações que acusam a campanha petista de 2014 de usar verbas sujas. As novas denúncias estão apinhadas de evidências que corroboram as suspeitas. Tais evidências já foram remetidas ao TSE pelo doutor Sérgio Moro, juiz da Lava Jato e destinatário das denúncias que incluem João Santana.
Hoje, o brasileiro convive com a incômoda suspeita de que financiou involutariamente uma campanha que é vista pela maioria do eleitorado como um embuste eleitoral. Confirmando-se o logro, os mandatos de Dilma e do seu vice, Michel Temer, deveriam ser passados na lâmina. Se a cassação da chapa Dilma-Temer ocorresse em 2016, haveria a convocação de nova eleição presidencial.
Torna-se cada vez mais inconcebível a demora dos ministros do TSE em julgar esse caso. Certos silêncios merecem barulhos intermitentes. A Lava Jato, por assim dizer, intima a corte máxima da Justiça Eleitoral brasileira a cumprir com suas obrigações. Alega-se que os julgamentos como esse são mesmo demorados. Tolice. O país vive tempos extraordinários. Não se pode reagir ao que se passa de forma ordinária.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.