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Interino de Cunha converte a Câmara num circo

Josias de Souza

09/05/2016 15h45

As justificativas despejadas sobre o microfone na sessão de votação do impeachment já tinham revelado o talento da Câmara para os números circenses. Viu-se de tudo naquela sessão: engolidores de sapo, ilusionistas, trapezistas verbais, malabaristas ideológicos… Ao anular a tramitação do impeachment, o deputado Waldir Maranhão, interino de Eduardo Cunha, acrescentou ao espetáculo o que faltava: um animal amestrado. No caso de Waldir Maranhão, o domador é o Planalto.

A Câmara agora tornou-se um circo completo. O contribuinte, que já assegurava a bilheteria, foi convidado a desempenhar um novo papel. A decisão de Waldir Maranhão de que não valeu a votação do impeachment, se fosse mantida, transformaria todo brasileiro num palhaço instantâneo. Há, porém, um problema. Diferentemente do que se passa com os parlamentares, nem todo brasileiro tem vocação para o circo.

Difícil imaginar os patrícios que fazem o asfalto roncar desde 2013 saindo às ruas com perucas e narizes vermelhos, colarinhos folgados e sapatos grandes. Ao acionar o ministro José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) para cavalgar a precariedade intelectual de Waldir Maranhão, o govenro exagerou na esperteza. O monstro já havia parado de abanar o rabo. Cutucado pelo Planalto com o pé, vai acabar mordendo.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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