Ao renegociar dívidas, Temer converte governadores em aliados automáticos
Josias de Souza
20/06/2016 18h24
O acerto para a renegociação das dívidas dos Estados com a União potencializou a impressão de que o governo de Michel Temer exibe na área econômica uma funcionalidade que o distingue da gestão de Dilma Rousseff. Confirmando-se o entendimento, o presidente interino marcará em 39 dias um gol que a presidente afastada tentava marcar, sem sucesso, há seis anos e meio (veja aqui os detalhes da renegociação).
Ao conceder um balão de oxigênio aos tesouros estaduais, Temer transformou os governadores em aliados automáticos da política econômica do seu governo. O êxito da estratégia de cintos apertados do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) passou a interessar a todos. Se a coisa funcionar como Brasília imagina, os governadores ajudarão o Planalto na tramitação legislativa do ajuste fiscal.
De resto, o governo desarmou uma bomba que fazia tic-tac nos escaninhos do STF —os 14 Estados que haviam obtido liminares suspendendo o pagamento das parcelas mensais de suas dívidas comprometeram-se a desistir das ações. As prestações atrasadas serão parceladas em 24 meses.
Se não existisse Lava Jato, Michel Temer talvez estivesse rindo de orelha a orelha.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.