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Lula utiliza contra Michel Temer veneno vencido

Josias de Souza

12/07/2016 06h16

Em viagem ao município baiano de Juazeiro, Lula criticou o plano do governo de Michel Temer de levar parte do patrimônio público ao martelo para reduzir o rombo nas contas da União. "Eles estão tentando criar condições para Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica serem vendidos. Eles não sabem governar e precisam vender o patrimônio público. Mas eles podem saber o seguinte: eu sei" governar.

Obrigado pela crise a aposentar o triunfalismo do 'nunca antes na história desse país', Lula perdeu a agenda e o discurso. Sem assunto, foi deselegnate e desconexo. Perdeu a elegância ao expor seu desejo de voltar —'eu sei' governar— num instante em que Dilma luta pelo mandato. Desentendeu-se com o nexo ao usar contra Temer o mesmo veneno privatista que usava no passado para tirar o tucanato do eixo.

Lula não se deu conta de que esse tipo de secreção venenosa está com o prazo de validade vencido. O bom-senso indica que não convém gritar incêndio no teatro. Do mesmo modo, Lula não deveria gritar 'teatro!' no incêndio. Se as chamas da Lava Jato revelam alguma coisa é que o caso da Petrobras e dos bancos públicos é de reestatização, não de privatização. Levados ao balcão sob Lula e Dilma, esses pedaços do Estado foram desossados e desestatizados.

Lula voltou a chamar impeachment de "golpe". E atribuiu a Eduardo Cunha a ruína que carbonizou a gestão-companheira de Dilma. Disse que a economia "desandou de 2015 para cá, sobretudo porque elegeram um cidadão como presidente da Câmara que se utilizou do cargo para atrapalhar a Dilma a governar este país." Referia-se a Eduardo Cunha: "Me parece que agora ele está para ser cassado".

O morubixaba do PT esqueceu de mencionar que Cunha virou problema lá atrás, ainda no governo Lula, quando recebeu do petismo salvo-conduto para instalar nos cofres de organizações como a Petrobras e a Caixa os dutos que drenaram verbas públicas para suas contas secretas na Suíça.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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