Governo teme uma 'inundação de armas' provenientes da Venezuela e Colômbia
Josias de Souza
23/10/2016 18h34
Relatórios sigilosos vinculam o incremento no comércio ilegal de armas a dois fenômenos: o derretimento do regime bolivariano na Venezuela e a desmobilização das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Armadas pelo ex-presidente Hugo Chávez, morto em 2013, milícias pró-governo descobriram na venda de fuzis uma fonte de renda para enfrentar a crise na Venezuela. Guerrilheiros das Farc também levam suas armas ao balcão.
Outra grande preocupação do governo na área da segurança pública é a "nacionalização" das facções criminosas de São Paulo (Primeiro Comando da Capital, PCC) e do Rio de Janeiro (Comando Vermelho, CV). Elas já controlam os principais presídios do Norte e do Nordeste. Estiveram por trás dos surtos de violência que ocorreram recentemente no Maranhão, no Rio Grande do Norte, Roraima e Rondônia.
O expansão do PCC é a que mais inquieta o setor de inteligência. A organização criminosa paulista revela-se mais uniforme e dispõe de maior capacidade econômica do que sua congênere carioca. Já começou a operar no Paraguai, onde disputa território com quadrilhas locais. Avalia-se em Brasília que o PCC persegue o modelo do Cartel de Medellín —a rede de traficantes de drogas que surgiu na Colômbia na década de 1970 e se espalhou na década de 1980 por países como Bolívia, Peru, Honduras e até Estados Unidos.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.