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Renan resistiu à ordem de Marco Aurélio seguindo sugestão de membro do STF

Josias de Souza

07/12/2016 13h05

A fórmula utilizada por Renan Calheiros para resistir ao cumprimento da ordem judicial que o retirava do cargo de presidente do Senado nasceu de forma inusitada. Foi um ministro do próprio Supremo Tribunal Federal que sugeriu contrapor uma decisão da Mesa Diretora do Senado à liminar expedida pelo ministro Marco Aurélio Mello.

Inicialmente, Renan pretendia se segurar no cargo com o aval do plenário do Senado. Ouviu de membros do seu grupo político uma advertência: se levasse a encrenca ao plenário, sofreria uma derrota. Foi quando chegou a Renan a sugestão do colega de Marco Aurélio, para que reunisse a Mesa do Senado. Nesse colegiado, mais restrito, Renan dá as cartas.

Seguindo os conselhos do ministro do Supremo, Renan tomou as primeiras providências na manhã de terça-feira (6). Ainda estava na residência oficial do Senado quando convocou a reunião da Mesa. Entendeu-se com o vice petista Jorge Viana, que, em privado, demonstrou uma vontade de colaborar que contrastava com o discurso incendiário de petistas como Lindbergh Farias.

Renan rumou para o Senado, orientou a redação da nota da Mesa, obteve as assinaturas da maioria dos membros do colegiado e construiu um discurso. Aferrado à orientação do ministro do STF, Renan passou a dizer que não descumpria uma ordem judicial, apenas seguia a decisão da Mesa do Senado. Nessa versão, o Senado, um Poder autônomo, aguardadava o pronunciamento do plenário do Supremo para tomar as suas providências.

A decisão final do Supremo será tomada em sessão marcada para a tarde desta quarta-feira. Conforme já noticiado aqui, Renan destila otimismo desde a noite de terça. O senador disse a aliados que espera obter uma vitória parcial no plenário da Suprema Corte. Avalia que a maioria dos ministros votará a favor de retirá-lo apenas da linha sucessória da Presidência da República, não do cargo de presidente do Senado. Renan soou como se lidasse com informações, não com suposições. O blog apurou que a hipótese de um afastamento meia-sola foi, de fato, discutida em gabinetes do Supremo.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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