Ex-tesoureiro desdiz PT: ‘Recebi verba informal’
Josias de Souza
15/12/2016 04h58
Em depoimento a Sergio Moro, o ex-tesoureiro petista Paulo Ferreira desmontou uma lorota sustentada pela direção do PT federal há dois anos e meio. Pela primeira vez, o ex-gestor das arcas petistas admitiu que a legenda recebeu "verbas informais", eufemismo para propinas.
Para não deixar dúvidas no ar, o juiz da Lava Jato indagou: "O Partido dos Trabalhadores tem feito declarações públicas de que eles não trabalham com rtecursos não-contabilizados. O senhor está afirmando algo diferente… O senhor saberia me explicar essa contradicão?"
Paulo Ferreira respondeu: "É um problema da cultura política nacional, doutor Moro. Eu não estou aqui para mentir para ninguém. Estou aqui para ajustar alguma dívida que eu tenho. Negar informalidades nos processos eleitorais brasileiros, de todos os partidos, na minha opinião, é negar o óbvio."
Não é que o PT seja mentiroso. A legenda apenas possui uma verdade, digamos, múltipla.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.