Rodrigo Maia age como pretendente ao trono
Josias de Souza
24/05/2017 06h21
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tornou-se a principal evidência do derretimento de Michel Temer. Sob holofotes, age como se apostasse na estabilização do governo. Nos subterrâneos, já não consegue disfarçar sua condição de pretendente ao trono.
Nas reuniões do Alvorada, Maia discursa como se Temer estivesse cheio de vida. Na intimidade da residência oficial da presidência da Câmara, move-se como um Roger Moore nos sapatos de James Bond, pronto para lançar mão de sua licença de 007 para matar.
A sorte sorriu para Rodrigo Maia no dia em que o plantou sobre a linha de sucessão da Presidência da República. O deputado abusa da sorte ao imaginar que pode assumir o Planalto para cumprir a atribuição constitucional de convocar eleições indiretas para dali a 30 dias e, simultaneamente, conspirar a favor de sua permanência na cadeira até 2018.
Genro do ministro palaciano Moreira Franco, o Angorá das planilhas da Odebrecht, Rodrigo Maia, o "Botafogo" da lista da empreiteira, acredita no amanhã como se nada pudesse ser descoberto sobre ele à noite. Gente como Renan Calheiros, PhD em crepúsculo, revela-se surpreso com tamanha desenvoltura. Conta, em privado, que Maia já dispõe até de uma alternativa de vice: Aldo Rebelo, do PCdoB.
Sobre o autor
Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.
Sobre o blog
A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.