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‘O que a Constituição uniu, o Temer não separa’

Josias de Souza

07/06/2017 03h45

Defesa de Michel Temer reitera a tese da separação das contas

UOL Notícias

Quem quiser compreender o significado mais profundo da expressão sexo oposto deve acompanhar os desdobramentos do casamento político de Dilma Rousseff com Michel Temer. Imaginava-se que o presidente-tampão fosse o último homem que a primeira mulher a passar pela Presidência do Brasil gostaria de ver novamente. Mas a defesa da presidente deposta informa que há um lugar onde madame admitiria se reencontrar com o ex-parceiro político: o fundo do poço.

"Aquilo que a Constituição uniu, não cabe ao candidato a vice desunir", disse o advogado de Dilma, Flávio Caetano, para se contrapor à tese segundo a qual Temer não pode ser cassado pelo TSE porque manteve com Dilma uma união com separação de contas eleitorais. Alheio ao desejo de Dilma de brindar o seu cliente com um abraço de afogados nas profundezas do inferno de uma punição conjunta, o defensor de Temer, Gustavo Guedes, insistiu no pedido para que o TSE separe as arcas das duas campanhas (veja lá no alto).

O defensor de Dilma ironizou: "Este tribunal julgou a prestação de contas da chapa Dilma-Temer, não julgou a de Temer, até porque Temer não apresentou prestação de contas", disse o doutor. "…A Constituição une os candidatos a presidente e vice. Une no registro e une na eleição. Se Michel Temer quisesse votar apenas em si próprio, ele iria à urna, apertaria o 13 e votaria em Dilma Rousseff também."

Matrimônios como a união política do PT com o PMDB, baseados exclusivamente no intere$$e, deveriam ser chamados de patrimônio. Mas Dilma e Temer, num derradeiro esforço para evitar um reencontro, mesmo que metafórico, uniram-se no pedido para que o TSE exclua as provas relacionadas à Odebrecht do processo que pode resultar na cassação do mandato de um e na perda dos direitos políticos da outra. (Assista abaixo à argumentação do defensor de Dilma).

Defesa de Dilma pede exclusão de provas ligadas à Odebrecht

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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