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Alckmin vê Rodrigo Maia como rival para 2018

Josias de Souza

10/07/2017 05h34

A convite de Geraldo Alckmin, a cúpula do PSDB se reúne na noite desta segunda-feira em São Paulo para discutir o que fazer diante do derretimento da Presidência de Michel Temer. Candidato ao Planalto, o governador paulista enxerga a eventual substituição de Temer como uma prévia de 2018. Receia que, alçado ao trono, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vire um candidato automático à reeleição.

Alckmin e os apologistas do seu projeto político preferiam que Temer se arrastasse até o final do mandato. A opinião contrasta com a de outros bicudos do ninho. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, já defendeu publicamente a renúncia de Temer. Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, disse que Temer produz "ingovernabilidade". E apoiou a ascensão de Rodrigo Maia.

Especialistas na arte de lamentar depois do fato, os grão-duques do tucanato começam a ser desligados da tomada por suas próprias bancadas. Dos sete tucanos com assento na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, seis votarão a favor da abertura de ação penal contra Temer no Supremo. Dos onze membros da bancada do PSDB no Congresso, sete defendem que o partido deixe o governo.

Para Tasso, os dirigentes do PSDB não podem ignorar as evidências que tornam a permanência do partido no governo um fator de desgaste. Mas pelo menos dois dos quatro ministros que representam o tucanato na Esplanada —Aloysio Nunes Ferreira e Antonio Imbassahy— ameaçam permanecer no governo mesmo depois de um eventual rompimento formal da legenda.

Neste domingo, Alckmin declarou que o PSDB deveria aguardar pela aprovação das reformas antes de pensar em desembarque. Ecoando a posição da infantaria da legenda, o tucano Cássio Cunha Lima, vice-presidente do Senado, disse que o generalato deve permanecer ao lado dos soldados que pegam em lanças contra Temer no front da Câmara.

Num instante em que Alckmin, investigado na Lava Jato, frequenta as pesquisas presidenciais no rodapé, alguns dos seus correligionários acham que, antes de se preocupar com Rodrigo Maia, o governador deveria enxergar uma ameaça doméstica chamada João Doria. Afilhado político de Alckmin, o prefeito de São Paulo lança sobre Brasília olhares de cobiça que colocam em dúvida sua lealdade ao padrinho.

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Sobre o autor

Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na ''Folha de S.Paulo'' (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista). É coautor do livro ''A História Real'' (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de ''Os Papéis Secretos do Exército''.

Sobre o blog

A diferença entre a política e a politicagem, a distância entre o governo e o ato de governar, o contraste entre o que eles dizem e o que você precisa saber, o paradoxo entre a promessa de luz e o superfaturamento do túnel. Tudo isso com a sua opinião na caixa de comentários.


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